Patrimónios Poyaristas
Estes textos tem por base conteúdos para alunos do Agrupamneto de Escolas de Vila Nova de Poiares
Dólmen de São Pedro Dias
Este Monumento está localizado no alto da serra de São
Pedro Dias e no topo da crista quartzítica da Serra da Atalhada, tendo o rio
Alva ao fundo e a serra do Bidoeiro próxima a cerca de cinquenta metros da
Estrada Nacional nº17 – mais conhecida como a “Estrada da Beira”. Esta Zona
Geográfica é um importante condutor de movimentação humana há milhares de anos
e com grande importância a nível nacional – desde as deslocações do gado
transumante até a movimentações militares, caso das Invasões Francesas.
O Dólmen de São Pedro Dias é um Imóvel Classificado
de Interesse Público – conforme, classificação por Decreto Lei n.º 29/90 de 17
de Julho e descrição no Plano Diretor Municipal de Vila Nova de Poiares. É um
monumento Pré-histórico de valor inestimável devido à sua antiguidade que
remete ao Neolítico, período mais moderno da Idade da Pedra, bem como à sua
tipologia (sepultura coletiva). A presença deste monumento Megalítco, que se integra
nesta vasta Região Beirã, constitui um importante vestígio no estudo da
ocupação humana no nosso território.
O
local caracteriza-se pela grande ocupação florestal, o que de resto é também
característica de Vila Nova de Poiares, com zonas bastante declivosas devido às
serras envolventes. Todo este cenário desdobra-se aos concelhos vizinhos –
Penacova e Arganil. A nível da flora a sua área envolvente possui espécies
vegetais predominantes como o eucalipto, a acácia e o pinheiro, fazendo ainda
parte do coberto vegetal da área, espécies autóctones, como o sobreiro, o
carvalho e o castanheiro.
As
margens do rio Alva pertencentes ao concelho garantem simultaneamente a prática
de banhos, o contacto com a vegetação local, actividades de lazer que
aproveitam os recursos das serras e ainda os bons acessos rodoviários acabam
por constituir um excelente ponto de criação de sinergias que se seguirá com a
sua valorização e dinamização. A sua exposição solar bastante generosa aliada à
sua altitude e amplitude permitem vistas privilegiadas, incluindo a
contemplação do majestoso e predominante maciço da serra da Estrela.
Edifícios:
Paços
do Concelho
O edifício dos Paços do Concelho de Poiares, foi
construído ao longo das décadas de ‘60 e ‘70 de Oitocentos. O projeto inicial é
da autoria do Engenheiro Militar, José Carlos de Lara Everard e ostenta na
Porta Principal a data do “Auto da Pedra Fundamental”, 1866, gravada em pedra.
É um edifício sóbrio do tipo Neoclássico, que os
“Poyaristas” de Oitocentos apelidavam de “Palacete Municipal”, e que teve
inúmeros beneméritos que contribuíram na sua construção, em particular Manuel
Lourenço Baeta Neves.
A fachada possui dois níveis de leitura:
no primeiro, duas janelas em arco de cada lado com três portas ao meio também
em arco, delimitado o corpo do meio com pilastras lisas e capitéis do tipo
Dórico; no segundo andar ou andar nobre, temos uma bacia ao centro com três
portas de sacada, pilastras lisas com capitéis Iónicos, duas janelas de cada
lado que, antes da grande reforma de 1957, eram portas de sacada ao estilo
Neoclássico.
É coroado por um frontão triangular liso
com as armas do Rei D. Luís de Portugal ao centro, monarca reinante aquando da
sua construção.
Neste edifício funcionaram inúmeros serviços para além dos
Serviços Municipais: Finanças, Tesouraria, Delegação Escolar, Escolas Primárias
(Masculina e Feminina), Conservatórias, Notário, Agencia Bancária, Correios,
Biblioteca, Junta de Freguesia, Bombeiros, Cadeia, ADIP, entre outros.
Igreja
Matriz de Poiares Santo André
A Igreja Matriz de Poiares tem por
patrono Santo André. É um edifício proporcionado e simples.
Na Torre inscreve-se a data de 1744 num
secular Relógio de Sol. Foi objeto de remodelação no século XIX e teve forte
intervenção no final do século XX. Possuí fachada austera, mostrando a porta
principal com frontão curvo, torre sineira à sua direita com cantarias nos
cunhais e empena.
No interior mostra cinco altares: um
altar – mor, dois colaterais e dois no corpo do edifício.
“O retábulo principal foi trazido de um
templo de Lisboa. Pertence ao séc. XVII e é formado por uma composição
clássica: arco central, abrindo para o Trono e, a cada lado, duas colunas
emparelhadas, coríntias, caneladas, com
terço inferior decorado dum rótulo que encerra uma figura e de
enrolamentos de acanto, rótulos nos pedestrais, friso de enrolamentos.”
In Inventário Artístico de Portugal, 1953
Os retábulos colaterais, embora do
século XX, são feitos num tipo setencentista final.
Possui um mausoléu, em forma de estela
neoclássica, dedicado ao Humanista José Vicente Gomas de Moura, falecido em
1854.
Capela
de Nossa Senhora das Necessidades
Propriedade
da Irmandade de Nossa Senhora das Necessidades/Santa Casa da Misericórdia de
Vila Nova de Poiares, a Capela de Nossa Senhora das Necessidades foi inaugurada
e benzida pelo Reverendo Pároco Manuel dos Santos Petronilho em 1908.
Filia-se
num estilo Neoclássico tardio e teve influência de uma Capela velha que a antecedeu. A nova construção
incluiu uma torre sineira que lhe confere majestosidade, no espaço onde se
insere.
Envolvendo
a Capela encontra-se o recinto/ “arraial” de festas, onde se realiza a Festa de
Nossa Senhora das Necessidades - uma das maiores romarias da região,
frequentada por inúmeros romeiros e peregrinos que há algumas décadas ainda
vinham dos concelhos limítrofes e de lugares mais distantes. É considerada como
uma das Festas de maior projeção da região.
A
Festa mantém esse mesmo cariz religioso com a tradicional procissão a que
assiste toda a população e que reúne poiarenses que estão em todo o mundo. As
musicas tradicionais, a canção popular e o fogo de artificio que se realizou
durante anos são história e atrativos do segundo fim de semana de agosto que se
comemora secularmente.
Igreja
de Santa Maria
A
Igreja dedicada a Santa Maria é um edifício remodelado na transição dos séculos
XVIII e XIX. No entanto, sabemos que já no século XVI a povoação possuía Igreja
e era centro administrativo das “Terras de Poyares”.
A
frontaria e a torre, que se levanta à esquerda, estão concatenadas pelos
elementos arquitetónicos.
Os cunhais unem-se na frontaria por um entablamento direito que se continua na
torre, completando o corpo principal. A linha da empena é rematada de frontão
triangular. No edifício destaca-se ainda a porta de verga curva e de frontão.
Tem três altares. O principal, do primeiro terço do séc. XVIII, de talha
dourada, mostra a cada lado do amplo Trono duas colunas salomónicas, cavando-se
um nicho entre cada par. No fecho do arco encontra-se um escudo na mesma talha:
partido (dividido), à esquerda, as armas de Portugal, à direita, a insígnia da
Universidade de Coimbra.
As
Terras e Povoados da Arrifana estiveram sob o domínio da Universidade de
Coimbra e a freguesia de Santa Maria da Arrifana é herdeira nas “Terras de
Poyares” e dos domínios de Arrifana sendo a “cabeça” destes territórios no
Período da Idade Moderna.
Possuía
o encruzamento de estradas vindas de Louredo, Lorvão e Penacova, do Carvalho,
de Ceira e Coimbra, assim como de Torres do Mondego.
Ponto
de passagem histórico, Santa Maria tem traçados da estrada Romana, da estrada
Real, da Estrada Nacional n.º 2 (ao tempo do Estado Novo) e foi o local da
Albergaria de Poiares, grande testemunho nestes povoados de passagem e
circulação de mercadorias, pessoas e de peregrinos.
Igreja
de São Miguel
Hoje ligeiramente afastada do
centro da povoação de São Miguel de Poiares, é uma Igreja muito antiga do
concelho e possui numa das suas duas Torres a data de 1742.
Edifício arquitetonicamente
simples, mas raro na região pelas suas duas torres na fachada e por ter o corpo
e a capela-mor cobertos de abobadas lisas.
As pedras de Cantarias desta
Igreja são oriundas desta Freguesia onde existiu a actividade de exploração
para construção civil e de mós para moer farinha, “os arenitos vermelhos na
Serra de Alveite”.
Na fachada, a linha dos
telhados une-se por uma cornija que se evidencia, ficando abaixo dela a porta
e, na altura do coro, duas janelas retangulares com friso e cornija. A linha da
empena é mistilínea, abrigando um pequeno nicho, onde se encontra uma escultura
de S. Miguel, de estilo Gótico e em calcário.
As torres ficam levemente
retraídas e são dum só corpo. No interior, este Templo possui cinco altares,
sendo os colaterais de colunas salomónicas.
As terras de São Miguel de
Poiares foram “Terras da Universidade de Coimbra” e em 1195, o Foral dado pela
Rainha D. Dulce, menciona a existência de um Convento de São Miguel.
Igreja de São José das
Lavegadas
Situada no lugar de Igreja
Nova é um edifício singelo e baixo, reedificado no séc. XVIII.
A
frontaria, simples, compõe-se de porta retangular, verga de friso e cornija, e
é de um óculo quadrifoliado.
À
esquerda levanta-se uma torre mais tardia, com cobertura bolbosa e quadrada.
Os
retábulos, tipo do séc. XVIII, concheados, foram restaurados posteriormente, já
não existindo vestígios dos que, em 1659, o entalhador Francisco Gonçalves
Pombo contratou com a Universidade de Coimbra. Existe ainda, num altar
colateral, uma imagem da Virgem Maria, do séc. XVI, a quem falta o menino
Jesus.
A
Freguesia de Lavegadas resulta de uma desanexação da Freguesia de São Miguel de
Poiares, do padroado da Universidade de Coimbra. O lugar da Moura Morta foi
anexado mais tarde a esta freguesia, primeiro eclesiasticamente, no século
XVIII, e só depois a nível civil, no Séc. XIX.
Ponte
de Mucela
A
Ponte de Mucela esteve sempre associada a grandes momentos da História
Nacional, em virtude de ser local estratégico nas vias rodoviárias regionais e
nacionais.
Existem
registos que nos dão conta de uma ponte Romana no lugar de Mucela/ “Murcella”,
por onde passava uma das mais importantes vias, que fazia a ligação de Coimbra/
Aeminium a Bobadela/ municipium, perto de Oliveira do Hospital.
A construção da atual ponte
terá sido iniciada em 1298 por Pedro Salgado, tesoureiro de D. Dinis,
substituindo a ponte romana, muito mais baixa, que existia a jusante. Refere-se
também que D. Afonso II, em 1220, atravessou esta ponte sobre o Alva, citando
uma povoação com doze fogos que se crê ser já o lugar de Ponte de Mucela.
A capela local foi benzida em
1739, altura em que já existia uma carreira semanal entre Seia e Coimbra com
vinda à segunda e regresso à terça.
Há registos que evidenciam a retirada dos franceses em 1811 e o corte da ponte
para a dificultar, assim como a razia feita pelos franceses que queimaram
(casas, olivais e vinhas), roubaram (gados, viveres e roupas), violaram,
assassinaram (vinte homens, dezasseis mulheres e três crianças) e
destruíram a capela.
O lugar da Ponte de Mucela foi
muito fustigado entre 1828 e 1839, durante a guerra civil entre liberais e
absolutistas, na qual os Brandões tiveram ação preponderante.
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