uma questão de muito bom vinho beirão
No século XIX o concelho de Santo André de Poiares viu produtores de vinho serem medalhados em Filadélfia nos Estados Unidos e no Brasil. O concelho tinha produtores de bom vinho à semelhança dos concelhos vizinhos: Arganil, (com uma zona demarcada da Região do Dão), Gois (concelho limítrofe), Lousã (caso ainda hoje das excelentes vinhas propriedade do senhor Conde de Foz de Arouçe), Miranda do Corvo (Lamas por exemplo), Penacova (nas encostas), assim como nos arredores da Cidade de Coimbra (zona de Ceira por exemplo) limítrofe do concelho de Poiares. Também no lado litoral a zona de Cantanhede e Mealhada (Bairrada) teve sempre tradição vinícola tanto no passado como no presente.
Não é difícil de compreender porque durante tantas décadas muitos destes concelhos incluindo o de Poiares se tenha perdido essa qualidade que outrora estes vinhedos possuíam.
Só aproximadamente nos últimos 15 anos se reiniciou o investimento nas vinhas ao centro de Portugal, nomeadamente na Região do Dão. O leitor lembrará da “pujança” que houve das marcas Alentejanas há alguns anos, sendo que do Porto apenas se mencionava o verdadeiro Vinho do Porto, não se mencionando maduros e brancos.
Não quer dizer no entanto que os mais entendidos não consumissem vinhos de todas as regiões onde os padrões de qualidade nunca se perderam, nomeadamente das produções privadas e de alta qualidade. Falamos no entanto é do vinho corrente que felizmente hoje é de muito boa qualidade. As vinhas no concelho de Poiares, sofreram no final do século XIX e inicio do século XX as pragas da vinha, e em grande força a praga chamada Filoxera. Desde esse período plantaram-se vinhas do chamado vinho Americano, Morangueiro, Directo, enfim vinhas que em nada tinham de forte tradição e qualidade, mas que segundo os lavradores se “aguentava” bem! Iniciou-se aí a questão do grau do vinho, o açúcar, os sacos de granulado que tão bem pude observar desde “miúdo”!
Devido à profissão que exerço pude comprovar em diversas fontes a questão das pragas do vinho, os apelos dos lavradores que tinham vinhas, os remédios que se davam para tratar as vinhas, os utensílios de tratamento assim como apoios do próprio Governo de então. A Casa dos Godinhos, as Vinhas da Quinta do Torrel, a Casa Ferrão da Vendinha, a Quinta da Beócia, a Casa dos Moinhos, enfim um sem número de lavradores abastados que se viam aflitos com as suas vinhas “doentes”! Certo será que outras casas de Lavradores Abastados/ Casas Burguesas, de outros concelhos limítrofes e das regiões das Beiras e Douro se debateram com o mesmo problema. Este produto da terra, “filho de Baco”, era o sustento de alguns pobres, outros remediados, em que este/ vinho servia de sustento e garantia de moeda de troca a outros géneros necessários nestes tempos de pobreza.
Parece-nos assim que deve ter contribuído para que a qualidade de vinho nesta região Beirã tivesse piorado. Parece-nos mesmo que pode ter dado um “fomento” à falta de qualidade dos vinhos nesta zona passando a serem afirmados de: sem grau, sem qualidade, de água pé (mesmo fora da época/água pé durante todo o ano), e de morangueiro! É depreciativo e foi esse nome, de Morangueiro! Vinho Morangueiro! - Vem beber a minha casa um Morangueiro, ... olha que não faz mal, ... é fraquito!
É nossa ideia que vinho que “leva” químicos para “o segurar”! Vinho que não leva as doses certas, “carregando”, exagerando o lavrador para ter a certeza que não se estraga, ... depois, ... depois fica o trago, o gosto característico, ... carrascão também concerteza!
Julgo que terá sido também com a carestia provocado pela 1.ª Republica, 1.ª Grande Guerra e 2.ª Grande Guerra, inicio do Estado Novo e consequentemente nível de pobreza que se terá difundido determinado prato gastronómico como a Chanfana por exemplo! Não, que não se realiza-se à muitos anos, séculos mesmo, mas terá sido com estas necessidades, fome, ... pois de certeza, que se terá com aguça e engenho difundido este prato da Chanfana. Vinho de fraca qualidade, cabra sem préstimo, aproveitamento do resto do calor do forno, onde se cozeu a “broa” ou o Pão de Cabeça!
É lógico que hoje há um apuramento, e mesmo nesta altura quem tinha possibilidades económicas poderia realizar esta comida mais enriquecida, no entanto a massa comum do povo fazia-o por necessidade e assim sendo seria um aproveitamento alimentar, como um subproduto!
Hoje o vinho que consumimos na Beira é genericamente de boa qualidade, existem vinhos superiores, reservas, que se encontram nas melhores mesas nacionais e estrangeiras e a promoção dos vinhos do Dão e Bairrada tem dado “cartas” onde quer que chegue!
Também no concelho de Vila Nova de Poiares, temos tido produtores que tem apostado em castas de qualidade, obtendo-se vinhos no concelho na ordem dos 14 e 15 graus se não mais! Temos conhecimento da implementação de castas como a Touriga, antiga casta que Poiares possuía (antes da doença da Filoxera), assim como a casta Jean, e outras inclusive de zonas mais longínquas como Colares.
A Chanfana essa em Poiares regra geral é confeccionada com vinho de excelente qualidade muitas das vezes vinho “encorpado” a que não se olha ao preço.
Pedro Santos
Não é difícil de compreender porque durante tantas décadas muitos destes concelhos incluindo o de Poiares se tenha perdido essa qualidade que outrora estes vinhedos possuíam.
Só aproximadamente nos últimos 15 anos se reiniciou o investimento nas vinhas ao centro de Portugal, nomeadamente na Região do Dão. O leitor lembrará da “pujança” que houve das marcas Alentejanas há alguns anos, sendo que do Porto apenas se mencionava o verdadeiro Vinho do Porto, não se mencionando maduros e brancos.
Não quer dizer no entanto que os mais entendidos não consumissem vinhos de todas as regiões onde os padrões de qualidade nunca se perderam, nomeadamente das produções privadas e de alta qualidade. Falamos no entanto é do vinho corrente que felizmente hoje é de muito boa qualidade. As vinhas no concelho de Poiares, sofreram no final do século XIX e inicio do século XX as pragas da vinha, e em grande força a praga chamada Filoxera. Desde esse período plantaram-se vinhas do chamado vinho Americano, Morangueiro, Directo, enfim vinhas que em nada tinham de forte tradição e qualidade, mas que segundo os lavradores se “aguentava” bem! Iniciou-se aí a questão do grau do vinho, o açúcar, os sacos de granulado que tão bem pude observar desde “miúdo”!
Devido à profissão que exerço pude comprovar em diversas fontes a questão das pragas do vinho, os apelos dos lavradores que tinham vinhas, os remédios que se davam para tratar as vinhas, os utensílios de tratamento assim como apoios do próprio Governo de então. A Casa dos Godinhos, as Vinhas da Quinta do Torrel, a Casa Ferrão da Vendinha, a Quinta da Beócia, a Casa dos Moinhos, enfim um sem número de lavradores abastados que se viam aflitos com as suas vinhas “doentes”! Certo será que outras casas de Lavradores Abastados/ Casas Burguesas, de outros concelhos limítrofes e das regiões das Beiras e Douro se debateram com o mesmo problema. Este produto da terra, “filho de Baco”, era o sustento de alguns pobres, outros remediados, em que este/ vinho servia de sustento e garantia de moeda de troca a outros géneros necessários nestes tempos de pobreza.
Parece-nos assim que deve ter contribuído para que a qualidade de vinho nesta região Beirã tivesse piorado. Parece-nos mesmo que pode ter dado um “fomento” à falta de qualidade dos vinhos nesta zona passando a serem afirmados de: sem grau, sem qualidade, de água pé (mesmo fora da época/água pé durante todo o ano), e de morangueiro! É depreciativo e foi esse nome, de Morangueiro! Vinho Morangueiro! - Vem beber a minha casa um Morangueiro, ... olha que não faz mal, ... é fraquito!
É nossa ideia que vinho que “leva” químicos para “o segurar”! Vinho que não leva as doses certas, “carregando”, exagerando o lavrador para ter a certeza que não se estraga, ... depois, ... depois fica o trago, o gosto característico, ... carrascão também concerteza!
Julgo que terá sido também com a carestia provocado pela 1.ª Republica, 1.ª Grande Guerra e 2.ª Grande Guerra, inicio do Estado Novo e consequentemente nível de pobreza que se terá difundido determinado prato gastronómico como a Chanfana por exemplo! Não, que não se realiza-se à muitos anos, séculos mesmo, mas terá sido com estas necessidades, fome, ... pois de certeza, que se terá com aguça e engenho difundido este prato da Chanfana. Vinho de fraca qualidade, cabra sem préstimo, aproveitamento do resto do calor do forno, onde se cozeu a “broa” ou o Pão de Cabeça!
É lógico que hoje há um apuramento, e mesmo nesta altura quem tinha possibilidades económicas poderia realizar esta comida mais enriquecida, no entanto a massa comum do povo fazia-o por necessidade e assim sendo seria um aproveitamento alimentar, como um subproduto!
Hoje o vinho que consumimos na Beira é genericamente de boa qualidade, existem vinhos superiores, reservas, que se encontram nas melhores mesas nacionais e estrangeiras e a promoção dos vinhos do Dão e Bairrada tem dado “cartas” onde quer que chegue!
Também no concelho de Vila Nova de Poiares, temos tido produtores que tem apostado em castas de qualidade, obtendo-se vinhos no concelho na ordem dos 14 e 15 graus se não mais! Temos conhecimento da implementação de castas como a Touriga, antiga casta que Poiares possuía (antes da doença da Filoxera), assim como a casta Jean, e outras inclusive de zonas mais longínquas como Colares.
A Chanfana essa em Poiares regra geral é confeccionada com vinho de excelente qualidade muitas das vezes vinho “encorpado” a que não se olha ao preço.
Pedro Santos
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