Mais Pedaços da História de Poyares
Iniciamos neste ano de 2006 um conjunto de temas que pretendem antes de mais ser a continuação de um trabalho que tem vindo a ser desenvolvido há alguns anos e que tem por principal objectivo comentar as gentes e a História de Vila Nova de Poiares, bem como a Região Beirã onde este concelho se integra.
Concelho que faz a ponte do Litoral e Interior, Vila Nova de Poiares tem uma posição privilegiada no panorama do Distrito de Coimbra, sendo hoje uma referência no próprio mapa distrital.
Vila Nova de Poiares é um concelho herdeiro dum passado histórico rico. A inexistência de imponentes construções, ou de títulos de nobreza, ofuscam essa realidade! As gentes das Terras de Poiares, foram sempre gentes de trabalho, de coragem que nunca desistiram em alturas difíceis! Durante séculos os habitantes das Terras de Poiares pediram para serem autónomos como concelho, resistiram a duas tentativas de suprimento e “sofreram” a redução das suas fronteiras fez o ano que terminou 150 anos.
Os limites e influencias das Terras de Poiares foram muito mais distantes do que hoje conhecemos possuindo domínios em Ervedal da Beira, hoje uma freguesia histórica de Oliveira do Hospital.
O ano que deixamos de 2005, é Histórico para o Concelho de Vila Nova de Poiares!
O ano passou marcou o centenário da elevação de Poiares a VILA. Foi em 1905, reinava então D. Carlos, que o concelho viu elevada a sua sede de concelho à categoria de VILA.
Apesar da importância que esse facto revela, ele tem uma maior profundidade se pensarmos que a restauração definitiva do concelho havia sido apenas há 7 anos e a insegurança política era ainda acentuada. Quem poderia garantir que o concelho não fosse novamente suprimido?
Pensamos, inclusive que esta benesse real além de ter vincado a autonomia do concelho, estabelecia definitivamente a sede do concelho! Sede essa que ficaria em S.to André e não em Santa Maria, herdeira legitima da Arrifana e Terras de Poyares, com ligações religiosas à Universidade de Coimbra, com um passado grandioso como Vara Concelhia do Antigo Regime! Era a esta que tinham sido dadas as rendas de Friúmes, “Homeres” e o Ervedal da Beira desde os tempos das Infantas, inicio da nacionalidade.
A Vila de Poiares (de Santo André de Poyares), era agora a “cabeça” do concelho. Era aí que se encontravam os Paços do Concelho (o Palacete que referiam os Oitocentistas); era aí que se realizavam as Feiras, grandes pólos atractivos de pessoas; era ai que se encontravam e reuniam as Elites Locais! Com a Estrada da Beira construída e o Caminho de Ferro até Serpins (com a perspectiva de chegar até ao concelho de Arganil e um ramal até Poiares), o tráfego fluvial do Mondego começa lentamente a deixar de ter a importância de outrora.
Lourêdo, esse porto fluvial que viu as madeiras dos Paços do Concelho chegarem das matas de Leiria, foi um porto activo particularmente no Século XIX, com maior destaque desde a criação do concelho, em 1836. No entanto só durante 19 anos fez dupla com o porto da Raiva (integrado no primitivo traçado), porque em 1855, fruto de uma enorme cobiça e inveja, alguém “traça” no Terreiro do Paço os novos limites concelhios para apaziguar os ânimos dos nossos vizinhos.
O facto do Concelho ter tido todas estas dificuldades de afirmação, acabou por criar uma situação histórica difícil, na medida em que pouco se fala na data de nascimento do concelho (1836), pouco se fala da redução das fronteiras em 1855 ou dos suprimentos de 1867/1895! Em geral dá-se só ênfase à Restauração de 1898, chegando-se mesmo a criar erros históricos frequentes ao negar o período do concelho de 1836 a 1898!
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