aboreira scriptorium

É pretensão deste espaço, ser um depósito de ideias, tónica de pensamentos do seu autor, sobre a actualidade em geral e com especial incidência em várias Culturas, no Turismo, no Património e na Gastronomia, em Vila Nova de Poiares, na Região das Beiras/ Portugal e no Mundo. Pedro Carvalho Santos, pensou-o ... e o fez ...

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Localização: Vila Nova de Poiares, Coimbra, Portugal

Existo - creio no meu Deus.

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Infanto/Juvenil ... é uma história contada para os mais novos!

Era uma vez, ...

O que de mais antigo se conhece acerca de Poiares.

Embora não se conhecendo a sua idade, sabe-se que as suas terras são muito antigas e que parte delas foram doadas por um antigo rei (rei Ordonho das Asturias) ao convento do Lorvão.
Fala-se na existência de uma albergaria em Poiares, no entanto a sua história é pouco conhecida.
Mais antiga que a povoação de Poiares supõe-se que seja a povoação de Arrifana ( Santa Maria), na qual se acredita ter existido uma estalagem. Há muitos, muitos anos a povoação de Arrifana era atravessada por uma estrada romana daí que por lá passasse muita gente. Como se sabe, naquela altura as pessoas andavam a cavalo, a pé ou de burro e demoravam muito tempo a chegar ao seu destino, pelo que tinham de dormir pelo caminho. Pensa-se, então, que seria no lugar de Arrifana que as pessoas ficavam a passar a noite.
Podíamos terminar tentando descobrir de onde vem o nome Poiares, mas a verdade é que ainda ninguém o conseguiu fazer com certeza.

A religião – as igrejas, as festas e as romarias.

Desde que são um povo com identidade própria, os Poiarenses mantiveram uma relação muito próxima com a religião, daí terem construído muitas igrejas e capelas, para adorarem o seu Deus. Daí também serem feitas muitas festas e romarias em honra de diversos Santos. Podemos então tentar conhecer melhor essas capelas e igrejas, essas festas e romarias, as quais ilustram a fé das pessoas de Poiares. Antes de mais, será importante tentarmos perceber o que são romarias, estas não são mais do que peregrinações religiosas feitas a uma igreja, uma capela ou uma ermida, podendo ou não ter uma festa de arraial.
Na freguesia de Santa Maria de Arrifana encontramos a Igreja Paroquial dedicada a Santa Maria. No mês de Agosto, mais propriamente no 4.º Domingo, são as festas desta freguesia.
Em São José das Lavegadas encontramos a Igreja Paroquial dedicada a São José. Ainda nesta freguesia, mas no alto da Serra de São Pedro Dias, encontramos a Capela de São Pedro, que atrai muitos visitantes e devotos.
Na freguesia de São Miguel de Poiares existe também uma Igreja Paroquial, a qual é dedicada a São Miguel, a fé do povo devoto a este Santo reflecte-se nas festas em sua honra realizadas no 1.º Domingo de Setembro.
Ainda em São Miguel de Poiares podemos ver uma capela muito bonita, mas que pertence a uma família e não pode ser visitada por qualquer pessoa. Talvez um dia o venha a ser.
Em Poiares, ou no seu nome antigo Santo André de Poiares, encontramos a bonita Igreja Paroquial dedicada a Santo André. Apesar da devoção dos Poiarenses a este Santo, em sua honra não são realizadas festas nem romarias. A fé dos Poiarenses mostra-se em grande nas festas em honra de Nossa Senhora das Necessidades.
Para além da Igreja Paroquial, é também muito importante em Poiares a capela de Nossa Senhora das Necessidades. Situada um pouco afastada do centro da vila, esta capela encontra-se rodeada por um parque que no mês de Agosto se enche de visitantes e peregrinos que vêm em romaria comemorar as festas em honra da Nossa Senhora das Necessidades.
Como podemos ver, as gentes de Poiares valorizam muito as tradições e assumem-se como um povo muito religioso.

Os monumentos.

Embora as Igrejas e as Capelas possam ser consideradas como monumentos, existem outros elementos neste concelho, aos quais se aplica melhor este nome estamos a falar do Dolmen da Serra de São Pedro Dias, da Ponte Romana de Mucela e do Cruzeiro na Serra do Carvalho.
Há muito, muito tempo, quando os Homens viviam em cavernas e ainda vestiam peles de animais, as pessoas quando morriam não eram enterradas nos cemitérios. Para sepultarem os mortos os Homens desse tempo usavam grandes pedras e construíam algo parecido com uma tenda, onde por baixo colocavam um ou mais mortos. A esse monumento funerário dá-se o nome de Dólmen ou Anta. É um Dólmen, embora muito destruído, que encontramos na Serra de São Pedro Dias.
Em São José de Lavegadas, mais propriamente em Mucela, encontramos vestígios de uma ponte romana. Os Romanos foram um povo muito importante que dominou a Europa. Embora fossem de Itália, sendo o seu berço a cidade de Roma, eles avançaram por toda a Europa à conquista de novos países e povos. Os Romanos eram um povo muito desenvolvido e avançado, com grandes conhecimentos acerca da Arte, da Cultura, das Leis e da construção de cidades. Os Romanos conquistaram outros países através de um exército muito grande e poderoso, para avançarem mais depressa e marcarem os territórios que iam ganhando, dedicavam-se a construir estradas, as chamadas estradas romanas. Em Poiares também passou uma e para que conseguissem atravessar o rio Alva, supõe-se, que os Romanos tenham construído uma ponte em Mucela. No entanto, esta ponte viria a desaparecer tendo sido, mais tarde, construída no mesmo local uma outra ponte pela qual teria passado o primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques. Esta ponte viria ainda a ser conhecida por não ter permitido a passagem dos soldados franceses que invadiram Portugal sob as ordens de Napoleão Bonaparte.
Existe ainda um outro monumento em Poiares que é importante conhecermos, trata-se do cruzeiro que foi construído no cimo da Serra do Carvalho. A causa da construção deste cruzeiro é muito triste, resulta de um grande desastre de aviação que aconteceu na Serra do Carvalho. Foi num dia quente de Verão, há cerca de 50 anos atrás, que oito aviões que voavam em comemoração do Dia da Aviação, chocaram com a serra tendo morrido todos os pilotos.

As actividades económicas

A agricultura terá sido, durante muito tempo a principal actividade a que os Poiarenses se dedicaram, para além das diversas culturas produzidas, como os vegetais, as batatas, etc., também os cereais sempre foram importantes. Directamente relacionada com esta actividade está a transformação dos cereais, a moagem do milho e do trigo para a produção de farinha. Aqui é muito importante o papel dos moleiros e dos seus moinhos.
Em Poiares existiram diversos moinhos. Alguns deles recorriam à força da água, através das azenhas colocadas nos rios, as mós eram movidas e assim moíam os cereais. No entanto, a maior parte dos moinhos que existiram (e existem) no concelho eram moinhos de vento. Este tipo de moinho localiza-se no cimo das serras para aproveitar a força do vento que faz mover as velas do moinho levando as mós a moer os cereais. Embora na sua maior parte os moinhos se encontrem destruídos, há pelo menos um que foi recuperado e, mais cedo ou mais tarde, poderá ser visitado. Trata-se do moinho que se encontra nos Terreiros.
Como se sabe, nem tudo aquilo que agricultores produzem é por eles consumido, surgem assim excedentes, ou seja, são alimentos que sobram da agricultura. Antigamente estes alimentos/produtos, como por exemplo, batatas, feijões, ervilhas, etc., que sobravam eram trocados, pelos agricultores, por produtos que não tinham, como por exemplo, sapatos, vestuário, etc. Apareciam assim as trocas comerciais que inicialmente eram feitas troca de produto por produto, mas quando se começou a usar o dinheiro, este passou a ser a moeda de troca. Se hoje conhecemos as lojas onde podemos comprar qualquer produto, antigamente elas não existiam. Quem queria vender ia de terra em terra oferecer os seus produtos nas feiras. As feiras eram os locais principais para a troca comercial, ou seja, para a compra e venda de produtos. A sua importância é tão grande que ainda hoje continuam a ser feitas feiras, todas as semanas, meses, de quinze em quinze dias, etc.
Também em Poiares, quase desde sempre existiu não só uma feira, mas duas. Para além da feira que se realizava todas as semanas, na qual se vendiam os mais variados produtos, existia uma outra, realizada de quinze em quinze dias, onde se vendiam animais de grande porte, como bois. Eram feiras muito importantes que traziam a Poiares muitas pessoas das terras próximas, tal como ainda hoje há muita gente que vem de Penacova e de outras terras, semanalmente, à feira de Poiares.
Hoje, para além da agricultura e do comércio os Poiarenses têm outras actividades. Cada vez mais importante para o crescimento e desenvolvimento do concelho é a indústria. São muitas as pessoas que trabalham nas fabricas que existem em Poiares, produzindo produtos que são vendidos na região, no país e até noutros países.
Muito mais antigo que as fabricas é o artesanato. O artesanato não é mais do que a produção feita a mão de determinados produtos, que são depois vendidos. Do artesanato que é feito em Poiares, podemos salientar a cestaria, que não é mais do que a produção de cestas de verga; os palitos, pelas mãos de algumas senhoras os paus de salgueiro dão origem a palitos normais, a palitos decorados, a palmeiras, canetas, etc.; a olaria, alguns Poiarenses ainda hoje se dedicam a fazer caçoilos, potes, travessas, etc. em barro preto; podemos ainda apontar os tapetes de farrapos, entre outras coisas muito bonitas e importantes para Poiares.

Os Paços do Concelho.

Os Paços do Concelho, são o local onde a Câmara reúne alguns dos seus espaços administrativos (escritórios, gabinetes, repartições públicas), é o espaço onde se encontram as pessoas que mandam na política do concelho.
Os Paços Municipais de Poiares foram construídos há cerca de 140 anos sendo um Edifício muito bonito, um dos mais bonitos do concelho. Este Edifício sofreu várias obras durante estes anos mas mantém o estilo que o viu nascer - “ Tipo Neoclássico “. A Fachada ou Alçado Principal, é em dois pisos, tendo também um Alçado Sul muito bonito, tornando o Edifício simples, mas imponente no local onde se encontra.

O Brasão

O Brasão do Concelho de Vila Nova de Poiares é constituído por armas da Cor de Prata, com duas andorinhas em sentidos opostos de cor negra, ladeadas por dois pinheiros bravos de verde, tendo uma abelha em chefe, sendo coroado por um mural a prata de quatro torres.


Nota final:

Trata-se de um arranjo muito sucinto sobre a história local do concelho de Vila Nova de Poiares, com o fim de servir de base para o estudo da história local por alunos do ensino primário incentivando-lhe o interesse da sua própria Terra.

Dr. Pedro Santos