aboreira scriptorium

É pretensão deste espaço, ser um depósito de ideias, tónica de pensamentos do seu autor, sobre a actualidade em geral e com especial incidência em várias Culturas, no Turismo, no Património e na Gastronomia, em Vila Nova de Poiares, na Região das Beiras/ Portugal e no Mundo. Pedro Carvalho Santos, pensou-o ... e o fez ...

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Existo - creio no meu Deus.

segunda-feira, março 10, 2008

FORMAÇÃO ... um problema de entendimento! estamos de certeza a construir uma sociedade de estatísticas.

Nos últimos dois anos não tenho ouvido falar em mais nada que não seja Formação!
Não que o assunto já não venha de trás.
Dos milhões de euros gastos diariamente em Formação os resultados são sempre os mesmos, ou seja pouco ou nada, de progresso real para o País!
O progresso do país é realmente pouco ou nenhum! Pelo menos se falarmos em progresso sustentado. Em termos económicos, sempre que se sobe, sabemos o que sobe, ... só e apenas os grandes Grupos Económicos alteram o índice nacional.
O Zé (que antes se chamava povinho, e agora podia ser Zé carneiro, devido ao sistema de carneirada do país), continua com os mesmos problemas de sempre.
Todos estudam neste momento em Portugal!
Curiosamente todos tem grande formação e os que não a possuem querem tê-la!
Para a estatística claro, mas todos são muito letrados em Portugal! Pois! ... uma sociedade de espertos-burros!
Uma sociedade onde qualquer um por direito, tem que ser letrado. Quem possa ser mais limitado por nascença, façamos que seja inteligente por direito.
Pois, porque todos temos forçosamente que ser Doutores (é por isso que digo à anos que é desprestigiante ser Dr. em Portugal e em alguns serviços nem se fala)!
A geração do 25 de Abril que formou os filhos e que criou o mito que quem estuda-se iria safar-se, fez o que se vê!
Agora também esta geração de gente com 50 e 60 anos quer ser “letrada”, quer aceder através das exigências Europeias (das estatísticas que nos impõem) aos canudos, pois porque isso é prestigiante, é bom, é socialmente “fino”!
(muitos comerciantes e empresários, bem na vida, tiram agora cursos, não interessa de quê, pagando enormes propinas para terem um dr, que muito chique, cá no sítio).
Porque é que o filho do “Tí Manel” pode ser Doutor e o meu não? Isto era dantes!
Agora é: porque é que o “Ti João Compadre” pode tirar o 12.º ano e eu não? Ora aqui está uma oportunidade de todos sermos muito letrados.
Todos “Democraticamente” vamos ser instruídos! Até porque ninguém assume alguma dificuldade (ou burrice por direito), todos somos capazes... e depois ... bem depois ... iremos limpar sanitas na europa com capa e batina!

“Precisa-se de limpa retretes com 50 ou 60 anos que possua o 12.º ano (tirado entre 2006 e 2013). Ordenado mínimo nacional assegurado. Envio de carta para o Cód. 5322518/23”
(se o ordenado mínimo fosse no Luxemburgo é que valia a pena)

Tudo está a estudar. Temos um país de estudantes!
Então é bom. Claro que é bom.
Mas vejamos como? Os cursos são profissionalizantes? Contribuem para o progresso e produtividade da função ou actividade já exercida? Enquadram-se no que se prevê necessário aos futuros Quadros Técnicos do País?
A maior parte não.
É tirar um 9.º Ano porque na escola não o tirei. Porque os professores ainda seleccionavam quem estudava ou não. Hoje isso já não acontece (porque todos somos inteligentes, aliás temos que ser!).
Nem é bom querer falar nesta classe de pessoal docente, que me parece tratado com enorme indecencia.
Todos tem que ser inteligentes pois, ... só é pena que isto não seja uma Noruega ou uma Finlândia resultado de tanto “crânio”!
O Sr. Eng.º, o Sr. Arq.º, o Sr. Dr. e tantos outros senhores que continuam a querer ter estes títulos (já que não há Nobreza em Portugal), que nos continuará a enganar e nos afundará mais e mais!

Hoje tudo se tira com pouco esforço. Seja o 9.º ano, o 12.º ano ou um Curso Universitário! No século XIX diziam: “... foge cão que te faço barão! Para onde senhor se me fazem Visconde! ...”
Estamos na mesma!
Tive alguns colegas de escola que conheço bem. Muitos ficaram por o caminho, não porque não tinham possibilidades de estudar (apesar que também os houve), mas porque simplesmente não tinham capacidade de estudo! Meus senhores agora todos vão ser capacitados. Todos vão ter certificação de competências! Todos em meia dúzia de meses ou menos tempo terão os estudos que outros levaram grande parte da vida. Trarão mais inovação ao País, sem duvida!!!!!

Estamos a enganar-nos! A riqueza de um país não se faz assim! Isto são estatísticas, ... não nós deixemos enganar ... isto é para nos enganarmos a nós próprios, ... isto não é real!
Retiraram-se dinheiros às Universidades, que agora numa situação aflita recorrem a tudo para “arranjar” dinheiro!

Todos vamos ser letrados!
Todos vamos ser “Cultos” (como se fosse possível)! Todos vamos ser capacitados ... vamos acelerar o processo de mudança de mentalidades de gerações, vamos acelerar (como se isto tudo entrasse a “martelo”)!
Tenho até receio do que poderá vir disto tudo!
Claro que já se sabe! Uns vão conseguir e a maior parte vai ficar pelo caminho com muita frustração!
Isso é que é realmente pena.
Isso é que não contribuirá seguramente para um país verdadeiramente sustentado, um país de progresso e equilibrado! Mas assim quiseram os nossos dirigentes.

Amigos parece-me que no futuro todos vamos ser mais pobres (pobreza em tudo, porque a maior como se sabe não é só a do dinheiro)!

Durante anos letrou-se e instruiu-se inúmeras pessoas que agora estão nas listas indetermináveis dos centros de emprego!
Ainda não se aprendeu com os licenciados que estão nas caixas de supermercados.
Não que todas as profissões não sejam dignas, mas talvez se escuse de estar a criar falsas expectativas num País que sabe-se antecipadamente que não poderá absorver esse mercado de trabalho.
Mas pensemos como os políticos. Pensemos é no agora! Depois quem vier que feche a porta!
Agora vamos é letrar mais!
Não interessa a “boa” profissão, a real produtividade do País! Não interessa os bons Técnicos (muitos amordaçados por quem manda), mas interessa dizer para Bruxelas que somos um país letrado, com grande índice de estudos e formação, que estamos a avaliar (mesmo que mal), mesmo quando todos sabemos (nós e eles) que são dados forjados (e que estamos na cauda da europa/ Geograficamente é verdade estamos na ponta!).
Só me falam a toda a hora em formação! Ninguém parece falar em criar empregos, fabricas e negócios estáveis! Isso está completamente desacreditado, os únicos investimentos que se ouve, são de grandes grupos estrangeiros ou de alguém que pensa em tudo menos no progresso deste país.

Acreditou-se agora, tal como no passado em tantas outras situações que na formação é que está a riqueza e progresso! Mas não é seguramente só nessa vertente!
A riqueza de um país está tal como Medina Carreira disse (e tantos outros) na produtividade e no trabalho real de um país!
Alguns terão sucesso como em tudo na vida. Os que aprofundarem as áreas que já dominam (e mesmo assim só se os mandantes deixarem).
Outros (a maioria), realmente serão conhecidos na História como uma geração de estatísticas de Bruxelas.

Pedro Santos