Contributos para a História de Vila Nova de Poiares II
Crónicas da História Local II
Os poucos dias de sol que este mês de Fevereiro nos oferece levam-nos a sair em busca dos raios do astro rei e a fruir do contacto com o que de belo a Natureza nos dá. Se é bem visível a beleza que floresce nos campos, não menos bela é aquela que a própria mão do Homem nos oferece. Os jardins são um perfeito exemplo dessa realidade.
Não será só a beleza natural que podemos observar nos jardins. Os Jardins revelam-se também como espaços que nos transmitem aspectos mentais, culturais, sociais e até políticos de uma época. São locais onde cada um pode desfrutar de momentos de lazer e bem-estar. Partilhando a imagem da Natureza, os jardins são espaços lúdicos que retratam a paz de espírito que qualquer Homem aprecia.
Em Portugal, bem como no resto do Mundo, os jardins apresentam as mais variadas configurações. São, no entanto, mais frequentes os jardins que se acentuam pela sua forma geométrica. O Jardim Municipal de Vila Nova de Poiares, estrategicamente colocado em frente aos Paços do Concelho, é realçado pela sua simplicidade e sobriedade, as quais poderemos filiar nesse geometrismo.
A necessidade de salientar os Paços do Concelho remonta à sua construção, por volta de 1866. Como necessário complemento do edifício, foi patente durante várias décadas o desejo, por parte dos órgãos de poder, de construir um espaço fronteiriço aos Paços do Concelho. Demolida que foi uma escola, legado do Conde Ferreira, grande benemérito deste nosso país, chegava a vez de outro benemérito oferecer, a custas suas, o jardim que tanto era desejado pelos Poiarenses de então. Tratava-se do Comendador Bernardo Martins Catarino.
Em Agosto de 1951, realizou-se a cerimónia de homenagem ao benemérito que havia custeado o Jardim Municipal. As suas filhas, Sr.ª D.ª Almerinda Catarino da Silva e Sr.ª D.ª Henriqueta Martins Catarino, ofereceram o medalhão que foi colocado no Jardim Municipal, junto ao coreto. Estas Senhoras deslocaram-se do Brasil, local onde supomos que tenha sido concebido o referido medalhão, para no nosso concelho receberem as honras feitas ao seu saudoso pai. Nesta data, a Câmara deliberou conceder às mesmas o título de Cidadãs Honorárias do Concelho, sendo ainda concedido o mesmo título à bisneta do Comendador, a menina Alice Maria da Silva Ribeiro dos Santos, a qual descerrou o medalhão do seu bisavô. Este acto do Município mais não foi do que o pagamento de uma grande dívida de gratidão para com o grande benemérito Poiarense.
O estudo arquitectónico do Jardim Municipal foi realizado pelo Sr. Arquitecto Travassos Valdez, corria o ano de 1951. A figura 1 mostra-nos o jardim no seu início de vida, uma fotografia relativa ao ano de 1953 e retirada da obra Mais melhoramentos, mais trabalho - vinte e cinco anos de valorização regional, I Vol., 1928-1953, do Ministério das Obras Públicas. Aqui são realçados os aspectos geométricos, as pequenas árvores (muitas das quais vindas da Mata do Buçaco) que mais tarde se transformariam nas frondosas árvores que hoje podemos observar.
O Jardim Municipal ocupa um espaço quadrangular, tendo ao centro uma placa ajardinada (com uma forma oval), na qual se pode observar a Cruz Latina e o Brasão do Concelho, desenhados por meio de flores. Do lado Sul, foi construído em plano elevado o coreto, tendo num dos lados da sua base o pedestal (tipo muro de suporte) com o medalhão do já mencionado benemérito. Para aceder ao referido coreto foram construídas duas pequenas escadas laterais, as quais dão também acesso à abertura do jardim, a Sul. Percorrendo o jardim podemos ainda chegar aos Paços do Concelho, pela abertura a Poente, ou ainda à Estação de Correios, a Nascente. Para aceder do jardim à Igreja Matriz, a Norte, após consenso entre a paróquia e a autarquia, procedeu-se a uma remodelação do espaço que medeia entre a referida Igreja e o Jardim, passando pelo asfaltar da rua, pela construção dos muros e passeios, permitindo uma melhor circulação dos veículos no coração do concelho.
O Jardim Municipal, sofreu diversas beneficiações nos últimos anos. Procurando adaptar o jardim aos novos tempos, procedeu-se ao calcetar do piso do jardim (anteriormente em terra e areia), recorrendo ao calcário de cor branca e negra, desenhando o lema do Concelho «Fé, Acção, Unidade, Amor, Trabalho, Solidariedade», junto do bonito desenho retirado do janelão dos Paços do Concelho. Foram ainda construídos muros embelezados por gradeamentos, definindo inequivocamente o espaço deste jardim; bem como resguardos nos canteiros, tendo a própria área ajardinada sido aumentada a nascente e totalmente remodelada a sul (figura 2). Também recente foi a introdução de novos candeeiros e bancos, beneficiando este espaço de lazer.
Tendo como pano de fundo o edifício arquitectónico que lhe serve de complemento, o Jardim Municipal é também um dos pontos de passagem e de passeio, do nosso concelho.
Número 2 (28 de Fevereiro de 2000)
Alteração do texto inicial de 15/02/2000
por: Dr. Pedro Santos
Os poucos dias de sol que este mês de Fevereiro nos oferece levam-nos a sair em busca dos raios do astro rei e a fruir do contacto com o que de belo a Natureza nos dá. Se é bem visível a beleza que floresce nos campos, não menos bela é aquela que a própria mão do Homem nos oferece. Os jardins são um perfeito exemplo dessa realidade.
Não será só a beleza natural que podemos observar nos jardins. Os Jardins revelam-se também como espaços que nos transmitem aspectos mentais, culturais, sociais e até políticos de uma época. São locais onde cada um pode desfrutar de momentos de lazer e bem-estar. Partilhando a imagem da Natureza, os jardins são espaços lúdicos que retratam a paz de espírito que qualquer Homem aprecia.
Em Portugal, bem como no resto do Mundo, os jardins apresentam as mais variadas configurações. São, no entanto, mais frequentes os jardins que se acentuam pela sua forma geométrica. O Jardim Municipal de Vila Nova de Poiares, estrategicamente colocado em frente aos Paços do Concelho, é realçado pela sua simplicidade e sobriedade, as quais poderemos filiar nesse geometrismo.
A necessidade de salientar os Paços do Concelho remonta à sua construção, por volta de 1866. Como necessário complemento do edifício, foi patente durante várias décadas o desejo, por parte dos órgãos de poder, de construir um espaço fronteiriço aos Paços do Concelho. Demolida que foi uma escola, legado do Conde Ferreira, grande benemérito deste nosso país, chegava a vez de outro benemérito oferecer, a custas suas, o jardim que tanto era desejado pelos Poiarenses de então. Tratava-se do Comendador Bernardo Martins Catarino.
Em Agosto de 1951, realizou-se a cerimónia de homenagem ao benemérito que havia custeado o Jardim Municipal. As suas filhas, Sr.ª D.ª Almerinda Catarino da Silva e Sr.ª D.ª Henriqueta Martins Catarino, ofereceram o medalhão que foi colocado no Jardim Municipal, junto ao coreto. Estas Senhoras deslocaram-se do Brasil, local onde supomos que tenha sido concebido o referido medalhão, para no nosso concelho receberem as honras feitas ao seu saudoso pai. Nesta data, a Câmara deliberou conceder às mesmas o título de Cidadãs Honorárias do Concelho, sendo ainda concedido o mesmo título à bisneta do Comendador, a menina Alice Maria da Silva Ribeiro dos Santos, a qual descerrou o medalhão do seu bisavô. Este acto do Município mais não foi do que o pagamento de uma grande dívida de gratidão para com o grande benemérito Poiarense.
O estudo arquitectónico do Jardim Municipal foi realizado pelo Sr. Arquitecto Travassos Valdez, corria o ano de 1951. A figura 1 mostra-nos o jardim no seu início de vida, uma fotografia relativa ao ano de 1953 e retirada da obra Mais melhoramentos, mais trabalho - vinte e cinco anos de valorização regional, I Vol., 1928-1953, do Ministério das Obras Públicas. Aqui são realçados os aspectos geométricos, as pequenas árvores (muitas das quais vindas da Mata do Buçaco) que mais tarde se transformariam nas frondosas árvores que hoje podemos observar.
O Jardim Municipal ocupa um espaço quadrangular, tendo ao centro uma placa ajardinada (com uma forma oval), na qual se pode observar a Cruz Latina e o Brasão do Concelho, desenhados por meio de flores. Do lado Sul, foi construído em plano elevado o coreto, tendo num dos lados da sua base o pedestal (tipo muro de suporte) com o medalhão do já mencionado benemérito. Para aceder ao referido coreto foram construídas duas pequenas escadas laterais, as quais dão também acesso à abertura do jardim, a Sul. Percorrendo o jardim podemos ainda chegar aos Paços do Concelho, pela abertura a Poente, ou ainda à Estação de Correios, a Nascente. Para aceder do jardim à Igreja Matriz, a Norte, após consenso entre a paróquia e a autarquia, procedeu-se a uma remodelação do espaço que medeia entre a referida Igreja e o Jardim, passando pelo asfaltar da rua, pela construção dos muros e passeios, permitindo uma melhor circulação dos veículos no coração do concelho.
O Jardim Municipal, sofreu diversas beneficiações nos últimos anos. Procurando adaptar o jardim aos novos tempos, procedeu-se ao calcetar do piso do jardim (anteriormente em terra e areia), recorrendo ao calcário de cor branca e negra, desenhando o lema do Concelho «Fé, Acção, Unidade, Amor, Trabalho, Solidariedade», junto do bonito desenho retirado do janelão dos Paços do Concelho. Foram ainda construídos muros embelezados por gradeamentos, definindo inequivocamente o espaço deste jardim; bem como resguardos nos canteiros, tendo a própria área ajardinada sido aumentada a nascente e totalmente remodelada a sul (figura 2). Também recente foi a introdução de novos candeeiros e bancos, beneficiando este espaço de lazer.
Tendo como pano de fundo o edifício arquitectónico que lhe serve de complemento, o Jardim Municipal é também um dos pontos de passagem e de passeio, do nosso concelho.
Número 2 (28 de Fevereiro de 2000)
Alteração do texto inicial de 15/02/2000
por: Dr. Pedro Santos
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