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Localização: Vila Nova de Poiares, Coimbra, Portugal

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segunda-feira, julho 21, 2008

Contributos para a História Local de Vila Nova de Poiares III

Os Correios e o edifício da Estação de Correios de Vila Nova de Poiares

Ao longo dos tempos sempre houve quem se dedicasse a transmitir notícias. A pé, de cavalo ou de carroça, de barco ou de combóio, de bicicleta ou de motorizada, de camioneta ou de avião, os serviços dos Correios evoluíram de acordo com as necessidades dos remetentes, bem como ao sabor da evolução das vias de comunicação e dos transportes.
O serviço de Correios, poderá ter tido a sua origem em simples entregas de recados, notícias ou encomendas, a pedido não só de entidades oficiais, como também de particulares. Este carácter pouco oficial terá permanecido até meados do século XIX, apesar de já em 1520 ser algo notória a intenção de estabelecer um serviço público de Correios. Só a 17 de Setembro de 1798 se realizou a primeira viagem entre Lisboa e Coimbra, era o nascer do serviço da Mala-Posta, o qual permitia não só o transporte de passageiros, como também o envio das mais diversas encomendas. Ao observarmos uma pintura a óleo da autoria de José Pedro Roque (Figura 1), podemos analisar as várias fases deste serviço: o percurso, a ceia, a muda dos animais e a pernoita. A insegurança das estradas, o seu mau estado de conservação, o banditismo, as Invasões Francesas e o fraco movimento de passageiros, desmotivavam os responsáveis pelo serviço da Mala-Posta.
Importante veículo de transmissão de comunicações, o serviço de Correios foi cobiçado pelos Poiarenes desde as primeiras décadas após o nascimento do concelho de Santo André de Poiares (mais tarde Poiares). Num tempo em que a circulação de pessoas, cartas, mensagens, objectos de toda a natureza, era dificultada pelo transpor de barreiras naturais, os rios foram os principais meios de aproximação dos povos e veículo de transmissão de mensagens, encomendas e informações diversas, nesta altura assumiu Louredo a sua importância máxima na economia do novo concelho.
O grande edifício dos Paços do Concelho, construído na década de 60 de Oitocentos, «baluarte» da afirmação do concelho de Poiares e base fundamental dos seus serviços, veio também albergar os serviços de Correios. Ainda no século passado, em 1864, antes do segundo suprimento do concelho, é instalado o telégrafo eléctrico, inicialmente com documentos escritos. Mais tarde, no Estado Novo, o serviço de Correios é melhorado com a instalação do serviço telefónico, sendo na década de 50 dotado com uma estação telefónica semi-automática. O alargamento dos serviços oferecidos pelos Correios, fazem sentir a necessidade de alterar e alargar o espaço onde este se encontra.
Na década de 50 o concelho encontrava-se com várias obras em curso, particularmente a grande remodelação e beneficiação dos Paços do Concelho, onde os Correios haviam estado instalados, tornando mais pertinente a construção de um novo edifício para a instalação da Estação de Correios. No entanto, o processo de construção da nova Estação de Correios, não foi facilmente alcançado. Durante vários anos este problema esteve presente, não sendo de fácil resolução, visto que uma das questões a solucionar era a escolha do terreno para a instalação do novo edifício. Em meados de 1953, em reunião de diversas entidades e individualidades, foram seleccionados dois terrenos que ofereciam as melhores condições para esse objectivo. Um deles pertencia ao Sr. Manuel Leal Júnior, o outro ao Sr. Camilo dos Santos, tendo sido, inicialmente, o terreno deste último o escolhido, localizando-se frente à Praça 5 de Outubro. No entanto, esta proposta acabou por não ser aceite, tendo a cedência do terreno sido feita pelo Sr. Manuel Leal Júnior, o qual permite a utilização de um terreno fronteiro ao Jardim Municipal. Ao Sr. Américo Fernandes Coimbra coube o processo de construção do edifício, a quem os Correios ficariam a pagar uma renda mensal (até cerca de 1990). Finalmente, em 1956 é inaugurada a nova Estação dos CTT na vila de Poiares (Figura 2).
No início da década de 90, procurando acompanhar a evolução dos novos meios de comunicação e as necessidades da sociedade, a Estação dos Correios do nosso concelho, sofreu algumas remodelações. O edifício dos Correios (Figura 3), situado em frente dos Paços do Concelho e do Jardim Municipal, apresenta ainda hoje, no segundo piso (1.º andar) a configuração característica das décadas de 50 e 60 do século XX. Já o rés-do-chão foi totalmente remodelado, sofrendo alterações exteriores, de onde se salientam as amplas montras, o acesso principal do público aos serviços, o local de envio de cartas e apartados. Obviamente, não foram descurados os modernos e variados serviços de uma estação do presente. Ao utente são oferecidos os mais diversos serviços para todo o Mundo. Desde o Serviço Postal (cartas, «express mail», encomendas, etc.), a Serviços Financeiros (Certificados de Aforro, produtos de investimento ligados a seguros, à Caixa Geral de Depósitos, entre outros), produtos de Filatelia, serviço de fax, entre os mais diversos serviços.
Numa época dominada pelas novas tecnologias e pela informática, a tradição não é esquecida. Aos mais novos é oferecido um serviço curioso. Na época Natalícia chegam aos Correios inúmeras cartas de crianças dirigidas ao Pai Natal ou ao Pai do Céu, estas não são deixadas sem resposta, às crianças são enviadas algumas lembranças, permitindo o seu sorriso de Natal.
É este espírito humano, mas ao mesmo tempo moderno e eficiente, que esperamos continuar a encontrar na nossa Estação dos Correios.