Contributos para a História Local de Vila Nova de Poiares IV
A Água e a sua Distribuição
A temática da água, particularmente a sua futura escassez, tem dominado as cimeiras ambientais que se realizam por todo o Mundo. Já alguma vez se questionou acerca da razão pela qual a Terra é designada como o Planeta Azul? A resposta é bem simples. Apenas 29 % da superfície terrestre é constituída por continentes (na sua maior parte concentrados no hemisfério norte), sendo 71 % do nosso planeta ocupado por mares e oceanos. Pode parecer contraditória a nossa preocupação com a falta de água, mas a verdade é que a quantidade de água potável que temos disponível é cada vez menor, daí a importância da sua racionalização e distribuição.
Para a sobrevivência do Homem a água é fundamental, nomeadamente para saciar a sua sede, para preparar os seus alimentos, para fazer construções. A água sempre serviu para satisfazer as necessidades dos Homens, dos animais e das plantas. A importância deste líquido, em antigas civilizações, permitiu que o mesmo fosse associado ao sobre-natural, tendo mesmo algumas dessas civilizações adorado numerosos deuses aquáticos.
Há milénios que o Homem controla a água para seu benefício, construindo barragens e diques, poços e galerias para a captar. Foram numerosas as civilizações que nasceram junto a grandes rios, como o Tigre, o Eufrates, o Nilo, o Indo, entre outros. Da Antiguidade Clássica poderíamos ir buscar o exemplo de Roma, ou da grande civilização do Egipto. Desde sempre os Egípcios souberam aproveitar a riqueza que lhes era oferecida pelas águas do Nilo. Os Romanos, senhores da engenharia, deram grande impulso às construções hidráulicas, souberam captar através de grandes rodas a força motriz da água que passava por rios e ribeiras de maior caudal, que utilizavam para a moagem dos cereais. Surgiam assim as primeiras azenhas.
Mais tarde, já na Idade Média, o trabalho manual foi gradualmente substituído por máquinas hidráulicas, utilizadas para esmagar azeitonas, sementes, bem como nas serrações para cortar a madeira, ou no apisoamento de fibras e tecidos, ou ainda nas metalúrgicas, em que a força da água fazia accionar foles e forjas.
Nos finais do século XIX, inícios do século XX, fruto de novas tecnologias, a água começa a ter as mais diversas utilizações. A sua estreita ligação com as actividades do campo e domésticas é subitamente alargada. Com a descoberta da electricidade, a água passa a assumir um novo papel na sociedade. As turbinas hidráulicas e as bombas rotativas, utilizadas nas barragens para a produção de electricidade, introduzem uma nova etapa no aproveitamento da água e sua distribuição para os mais variados fins.
Nas suas primeiras décadas como concelho, Poiares via os seus habitantes abastecerem-se de água potável recorrendo a poços e minas. Mais tarde foram sendo construídas várias fontes de chafurdo (foto 1), as quais se mantiveram até às primeiras décadas do século XX. Estas obras, sempre com os apoios do Governo, evoluíram segundo as capacidades económicas do país. A verdade é que durante a Primeira República, o concelho de Poiares evoluiu muito pouco ao nível da distribuição de água aos diversos lugares que o compõem.
Será sob o peso do Estado Novo que teremos uma maior difusão no abastecimento de água às localidades do concelho. Os chafarizes (foto 2), substitutos das fontes de chafurdo, foram uma das grandes prioridades da política local de então. Processo iniciado já na década de 30 tendo o seu auge nas décadas de 50 e 60, a substituição das fontes de chafurdo por chafarizes e fontanários públicos foi factor de relevo como medida de combate a doenças e infecções. Iniciou-se também a distribuição domiciliária de água, mas apenas a sede do concelho e algumas povoações da mesma rede tiveram essa benesse. Nas inaugurações de 1957, é inaugurado o depósito de água da Ferreira, assim como vários chafarizes distantes da sede do concelho, nomeadamente nas Ribas, Forcado, Algaça, Vila Chã ou Vale de Vaz.
No entanto a grande obra da rede de abastecimento domiciliário de água seria desenvolvida nos anos setenta e oitenta. Recorrendo a projectos e comparticipações do Estado, é com a construção da Estação Elevatória de água da Ronqueira que o caudal de água se torna suficiente para grande parte do abastecimento. Esta obra sofreu um alargamento, nos anos oitenta, através da construção de inúmeros depósitos de água que contribuíram para uma mais vasta distribuição da mesma a todo o concelho. Hoje a zona oriental conta ainda com o abastecimento da Estação Elevatória da Ponte Mucela, contribuindo para uma maior eficácia no abastecimento desta fonte de vida.
Apesar de muitos concelhos no nosso país ainda não terem completado o seu abastecimento de água, o concelho de Poiares encontra-se já a preparar a reestruturação da sua rede de abastecimento de água. Dos cerca de 500 fogos abastecidos por este precioso líquido, por volta de meados dos anos setenta, hoje o concelho de Poiares conta com abastecimento domiciliário de água a quase 4 000 fogos.
Novos materiais, permitem que se remodelem e criem novos abastecimentos domiciliários de água com maior durabilidade (foto 3). Os chafarizes, na sua maior parte fazem parte do passado, embora subsistam ainda algumas pessoas que recorrem a este sistema. No entanto, será importante olhar para essas fontes, para esses fontanários de forma a preservá-los, pois fazem parte da nossa História, da evolução da rede de abastecimento de água, transmitindo aos mais novos outros modos de vida.
A temática da água, particularmente a sua futura escassez, tem dominado as cimeiras ambientais que se realizam por todo o Mundo. Já alguma vez se questionou acerca da razão pela qual a Terra é designada como o Planeta Azul? A resposta é bem simples. Apenas 29 % da superfície terrestre é constituída por continentes (na sua maior parte concentrados no hemisfério norte), sendo 71 % do nosso planeta ocupado por mares e oceanos. Pode parecer contraditória a nossa preocupação com a falta de água, mas a verdade é que a quantidade de água potável que temos disponível é cada vez menor, daí a importância da sua racionalização e distribuição.
Para a sobrevivência do Homem a água é fundamental, nomeadamente para saciar a sua sede, para preparar os seus alimentos, para fazer construções. A água sempre serviu para satisfazer as necessidades dos Homens, dos animais e das plantas. A importância deste líquido, em antigas civilizações, permitiu que o mesmo fosse associado ao sobre-natural, tendo mesmo algumas dessas civilizações adorado numerosos deuses aquáticos.
Há milénios que o Homem controla a água para seu benefício, construindo barragens e diques, poços e galerias para a captar. Foram numerosas as civilizações que nasceram junto a grandes rios, como o Tigre, o Eufrates, o Nilo, o Indo, entre outros. Da Antiguidade Clássica poderíamos ir buscar o exemplo de Roma, ou da grande civilização do Egipto. Desde sempre os Egípcios souberam aproveitar a riqueza que lhes era oferecida pelas águas do Nilo. Os Romanos, senhores da engenharia, deram grande impulso às construções hidráulicas, souberam captar através de grandes rodas a força motriz da água que passava por rios e ribeiras de maior caudal, que utilizavam para a moagem dos cereais. Surgiam assim as primeiras azenhas.
Mais tarde, já na Idade Média, o trabalho manual foi gradualmente substituído por máquinas hidráulicas, utilizadas para esmagar azeitonas, sementes, bem como nas serrações para cortar a madeira, ou no apisoamento de fibras e tecidos, ou ainda nas metalúrgicas, em que a força da água fazia accionar foles e forjas.
Nos finais do século XIX, inícios do século XX, fruto de novas tecnologias, a água começa a ter as mais diversas utilizações. A sua estreita ligação com as actividades do campo e domésticas é subitamente alargada. Com a descoberta da electricidade, a água passa a assumir um novo papel na sociedade. As turbinas hidráulicas e as bombas rotativas, utilizadas nas barragens para a produção de electricidade, introduzem uma nova etapa no aproveitamento da água e sua distribuição para os mais variados fins.
Nas suas primeiras décadas como concelho, Poiares via os seus habitantes abastecerem-se de água potável recorrendo a poços e minas. Mais tarde foram sendo construídas várias fontes de chafurdo (foto 1), as quais se mantiveram até às primeiras décadas do século XX. Estas obras, sempre com os apoios do Governo, evoluíram segundo as capacidades económicas do país. A verdade é que durante a Primeira República, o concelho de Poiares evoluiu muito pouco ao nível da distribuição de água aos diversos lugares que o compõem.
Será sob o peso do Estado Novo que teremos uma maior difusão no abastecimento de água às localidades do concelho. Os chafarizes (foto 2), substitutos das fontes de chafurdo, foram uma das grandes prioridades da política local de então. Processo iniciado já na década de 30 tendo o seu auge nas décadas de 50 e 60, a substituição das fontes de chafurdo por chafarizes e fontanários públicos foi factor de relevo como medida de combate a doenças e infecções. Iniciou-se também a distribuição domiciliária de água, mas apenas a sede do concelho e algumas povoações da mesma rede tiveram essa benesse. Nas inaugurações de 1957, é inaugurado o depósito de água da Ferreira, assim como vários chafarizes distantes da sede do concelho, nomeadamente nas Ribas, Forcado, Algaça, Vila Chã ou Vale de Vaz.
No entanto a grande obra da rede de abastecimento domiciliário de água seria desenvolvida nos anos setenta e oitenta. Recorrendo a projectos e comparticipações do Estado, é com a construção da Estação Elevatória de água da Ronqueira que o caudal de água se torna suficiente para grande parte do abastecimento. Esta obra sofreu um alargamento, nos anos oitenta, através da construção de inúmeros depósitos de água que contribuíram para uma mais vasta distribuição da mesma a todo o concelho. Hoje a zona oriental conta ainda com o abastecimento da Estação Elevatória da Ponte Mucela, contribuindo para uma maior eficácia no abastecimento desta fonte de vida.
Apesar de muitos concelhos no nosso país ainda não terem completado o seu abastecimento de água, o concelho de Poiares encontra-se já a preparar a reestruturação da sua rede de abastecimento de água. Dos cerca de 500 fogos abastecidos por este precioso líquido, por volta de meados dos anos setenta, hoje o concelho de Poiares conta com abastecimento domiciliário de água a quase 4 000 fogos.
Novos materiais, permitem que se remodelem e criem novos abastecimentos domiciliários de água com maior durabilidade (foto 3). Os chafarizes, na sua maior parte fazem parte do passado, embora subsistam ainda algumas pessoas que recorrem a este sistema. No entanto, será importante olhar para essas fontes, para esses fontanários de forma a preservá-los, pois fazem parte da nossa História, da evolução da rede de abastecimento de água, transmitindo aos mais novos outros modos de vida.
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