Brasões no Concelho de Vila Nova de Poiares / Mercados
Brasões no Concelho de Vila Nova de Poiares - VI
A simbologia está patente em todos os locais por onde circulamos, desde os simples símbolos de produtos alimentares aos mais complexos símbolos de clubes desportivos e associações. Como é óbvio, o concelho de Poiares não se encontra desprovido da mais diversa simbologia. Aqui poderemos encontrar os mais variados símbolos, sejam públicos ou sejam privados, sejam comerciais ou políticos, sejam de distinção ou de nobilitação.
De uso corrente na ciência, na arte, na literatura, na linguagem, na vida social, o símbolo leva-nos ao conhecimento de uma realidade, mais ou menos conhecida. Ao nível do simbólico vamos encontrar o mote da nossa dissertação – os brasões – os quais não são mais do que um símbolo, de uma família, de um país, de uma cidade ou de uma vila.
Relativamente aos brasões existentes neste concelho, a sua maior parte refere-se a instituições administrativas locais, ou tem origem monárquica.
De uma forma simplista poderemos considerar os brasões monárquicos como símbolo da nobilitação de determinada família, em virtude dos feitos de algum dos seus membros, por parte do poder régio. No concelho de Poiares existem três brasões monárquicos.
Na Póvoa da Abraveia, um dos mais antigos lugares do concelho, houve em tempos duas casas brasonadas. Um desses brasões, encontra-se na actual Biblioteca da Câmara Municipal, tendo sido pertença de D. João Casimiro de Mascarenhas, fidalgo da Casa Real, Capitão–Mor de Penela, muito antes do nascimento de Poiares como concelho. O outro brasão permanece no local original, tendo sido pertença de uma ilustre família descendente de D. Nuno Álvares Pereira de Melo, 1.º Duque do Cadaval, 4.º Marquês de Ferreira e 5.º de Tentúgal e Mordomo–Mor da rainha D. Maria Francisca Isabel de Sabóia.
No lugar de Vila Chã existe um solar com um brasão que pertenceu à família de José de Mattos Ferrão Castelo–Branco e Serra. A família dos Ferrões e Castelo–Branco, exerceram grande influência nos destinos do Concelho no século XIX, tendo assumido posições de destaque social.
Não poderíamos terminar sem focar o brasão que se encontra na fachada dos Paços do Concelho, o qual representa as armas de El Rei D. Luís, monarca reinante aquando da construção deste edifício.
Com a queda da Monarquia, desapareceu também a possibilidade de nobilitação e consequentemente o surgir de novos brasões monárquicos. No entanto permanece um outro tipo de brasões, agora estreitamente ligados à Administração Local. A este nível poderemos observar o brasão do concelho, o da freguesia de São Miguel de Poiares e o da freguesia de Lavegadas.
O brasão do concelho concebido na década de ’30, foi o concretizar de um anseio que vinha desde a fundação do concelho, pois desde cedo se considerou de extrema importância a existência deste símbolo. Caracterizado por dois pinheiros bravos, com duas andorinhas e uma abelha em chefe; coroa mural de quatro torres com listel contendo os dizeres: Vila Nova de Poiares.
Mais recentes são os brasões das freguesias de São Miguel de Poiares e de Lavegadas. O brasão de São Miguel é composto por, duas faixetas ondeadas, tendo por cima uma balança, com dois pratos azuis e uma espada de São Miguel; encontramos ainda uma ponta de ramo de oliveira e duas mós de moinho, coroado por coroa mural de três torres com listel contendo os dizeres: São Miguel de Poiares.
No brasão da freguesia de Lavegadas poderemos observar o Dólmen de São Pedro Dias, a ponte de Mucela, o rio Alva, e as açucenas de São José. É coroado por um mural de três torres com listel contendo os dizeres: Lavegadas.
Para o observador menos atento lembramos a distinção que existe, no campo da Administração Local, entre os brasões de cidade, vila e freguesia. Enquanto o brasão de freguesia é coroado por uma coroa mural de 3 torres, o de vila apresenta uma coroa de 4 torres e o de cidade uma coroa de 5 torres. São estas 5 torres que esperamos ver um dia a coroar o brasão Vila Nova de Poiares. E, se nos permitem a ousadia, poderíamos já antever o nosso brasão daqui a alguns anos, com a quinta torre que será orgulho de todos os Poiarenses. Este símbolo poderá ser considerado por alguns de vós como utópico, mas a verdade é que quando se aponta para que dentro de alguns anos a vila de Poiares seja elevada a cidade, está-se a criar essa quinta torre de “ouro” que honrará o Progresso e o Desenvolvimento do concelho, bem como todos os Poiarenses que contribuíram para a sua implementação. Isto porque não nos podemos esquecer que o Presidente da Autarquia Jaime Carlos Marta Soares tem como desejo que Vila Nova de Poiares seja «...num futuro pouco distante uma média cidade de capital importância no distrito de Coimbra e da própria região Centro do país...».
Continuando no percurso das sugestões, não nos podemos esquecer que existem duas freguesias no concelho que ainda não possuem o seu brasão. Como tal não vamos perder a oportunidade de convidar os Senhores Presidentes das respectivas Juntas de Freguesia a ponderarem a possibilidade de os elaborarem, para o que poderemos apontar algumas sugestões.
No caso da freguesia de Santo André, porque não fazer uma alusão à lenda de D. Afonso Henriques (Vimieiro). Não se considere novidade, o brasão da cidade de Faro é um dos que representam uma lenda. O próprio Dr. José M Ferrão, nos anos ’30, chegou a propor que esta lenda constasse no brasão do concelho.
Quanto à freguesia de Arrifana, não deixaria de ser interessante enaltecer o antigo porto fluvial de Louredo, verdadeiro pólo comercial no século XIX e inícios do século XX, de influência a nível regional.
Como foi referido anteriormente, estas palavras não passam de meras sugestões, que poderão ou não ser tidas em consideração por quem de direito. Acima de tudo pensamos que podem ilustrar traços da nossa História, que se devem marcar e realçar por forma a reforçar a História Local de Poiares, que tantos teimam em considerar inexistente.
As Actividades Comerciais
Feiras e Mercados VII
Polo de desenvolvimento de uma região, as feiras e os mercados são factor primordial desde os tempos mais antigos em todos os cantos da Terra. Desde tempos remotos que os homens deixaram de viver exclusivamente em economia domestica e passaram a viver fazendo trocas, primeiro directas e depois indirectas (ou seja monetária). Começaram por produzir mais do necessitavam, gerando excedentes que sabendo que com esses próprios excedentes poderá adquirir o que necessita a outros produtores. E assim nascem as primeiras formas de troca e de compra.
Podemos designar as feiras por lugares, geralmente descampados e descobertos onde se juntam feirantes em certos dias ou épocas para oferecerem produtos que pretendem vender. Em tempos mais recuados armavam-se barracas de comes e bebes e por vezes teatrecos (que popularmente alguns se apelidavam de Robertos) que eram a alegria de miúdos e graúdos, isto num tempo em que a realidade era tão diferente da actual.
Outro tipo de feiras se realizaram e outras por fortes tradições ainda hoje se realizam, como as feiras especificas de vários produtos; de gado, feiras cavalares, feira das castanhas. Há ainda as feiras francas, feiras onde não se pagam direitos. Os mercados são lugares ao ar livre em cidade ou aldeia em que se vendem géneros alimentícios ou diversas mercadorias. Outros tipos de mercado existem mas não falaremos deles visto não ser este o propósito do presente artigo.
Sabemos que as feiras no que é hoje o Concelho de Poiares, já existiam há centenas de anos e não é fácil saber como terão aparecido. Inicialmente cremos que fosse onde hoje é a povoação de Santa Maria, estando em ligação com o porto fluvial de Louredo. Com as novas vias de comunicação que se desenvolveram e com o maior povoamento de Poiares (Santo André) a feira deslocou-se também para este local, havendo a possibilidade de ter sido ela a responsável pelo desenvolvimento da povoação de Santo André de Poiares.(Um padre que cansado com o barulho expulsou a feira do local). É com a vinda destes feirantes à segunda – feira que a povoação de Santo André de Poiares terá começado a progredir.
Durante muito tempo coexistiram duas feiras. Uma de Produtos de vária ordem, como artigos ligados ao hoje chamado artesanato (que nesta altura eram artigos mais utilizados, como potes, cântaros de barro, vasos, tapeçarias variadas, cestos, palitos e outros, produtos hortícolas, como favas, ervilhas, batatas, e demais produtos da terra , produtos de panificação, como pão e bolos, peças de vestuário, artigos de ourivesaria, relojoeiros, e muitos outros produtos.
Outra feira de animais (conhecida por feira dos bois) que se realizava de 15 em 15 dias e onde se transaccionavam animais de grande porte, (gado) como gado muar, bovino, suíno, caprino, ovino e outros, a saber, bois, vacas, cavalos, burros, cabras, cabritos, ovelhas, bodes, porcos e animais de pequeno porte como aves de capoeira e outros bichos caseiros. Galinhas, perus, coelhos e outros bichos que tais.
Os locais onde as feiras se realizaram foram diversos. Desde a zona do fundo da vila onde poderá ter existido uma Igreja, local onde os mais antigos chamavam «Adro», ao lugar da estrada do cemitério ao largo da Capela de Nossa Senhora das Necessidades, ao local junto a Ribeira de Poiares, á própria Vila onde hoje se encontra o Jardim de Santo André, todos eles foram utilizados para comerciar os mais diversos produtos nas feiras que se realizaram em Poiares.
Registo que não deixa de ser interessante é o facto de em 1900, exactamente há 100 anos, o então Presidente da Câmara Municipal, senhor José Henriques Simões ter proposto á Câmara que se solicita-se ao Governo de Sua Majestade que fossem isentos de licença todos aqueles que expusessem géneros à venda em pequeno comercio nos mercados do concelho. Outra nota de pormenor é o facto de durante dezenas de anos a Câmara realizar praças para a limpeza do lixo das feiras. Na realidade nestas praças era o lixo arrematado por determinada importância. O lixo das ruas da Vila de Poiares e o lixo das feiras, eram designados de «Lixo de Montaria ?».
Existia a praça do peixe, onde se vendia este produto que desde os tempos mais recuados vinha em carroças de bois e posteriormente em camionetas até ao local de venda, ou até mesmo algumas peixeiras o traziam em cestas na camioneta de carreira de Coimbra. Por várias vezes temos registos sobre queixas que no inicio do século eram feitas por os proprietários confinantes com a feira da sardinha, em que expunham os prejuízos que tinham por o sal invadir os seus terrenos. Caso da Quinta do Torrel de Baixo em que o proprietário Dr. José M. D. Ferrão se queixava dos prejuízos na sua vinha. Ainda no inicio da década de 60’ haviam queixas das águas do mercado do peixe de se infiltrarem nos terrenos desta família. Posteriormente foi feito um poço para onde ia o sal que vinha dessa feira, atenuando o problema.
Que interessante será se tivermos a sensibilidade para pensar no tempo em que viveram os nossos pais e nossos avós, desprovidos de rádio, de televisão, de computadores de tudo o que nos rodeia.
Ouçamos os ruídos, ... o barulho das pessoas, das coisas, dos animais!
O ruído que ouvimos, será de vendedores ?
A terra batida, o feno, o mato, os cheiros e odores, as conversas, os gritos e pregões!
São os charlatões a apregoarem a «banha da cobra» para todos os males, é uma concertina que toca, uma galinha que foge, um cavalo que relincha, uma poça de água no chão, ... um lamaçal lá a frente!
Senhores, sim, senhores de respeito, de fato e colete, ou descamizados de trabalho, sim de trabalho arduo das terras, das pedreiras da serra, de bicicleta ou a pé, de cavalo ou de mula, quem sabe algum de carro, conforme os tempos. Vieram de várias terras vizinhas, para comerciarem, para falarem, ... falarem de que ? Da sua vida, dos seus afazeres, da política, do rei, do governo ou dos senhores das terras, ou simplesmente do senhor que acabou de passar e anunciava a nova peça de teatro que iria estrear: « ...venham ver, ... da terra á lua, ... venham ver, ... no teatro do Barreiro, ... etc. ...».
Post escritum : Agradecimento ao Senhor Alberto Santos pelas informações que nos prestou.
A simbologia está patente em todos os locais por onde circulamos, desde os simples símbolos de produtos alimentares aos mais complexos símbolos de clubes desportivos e associações. Como é óbvio, o concelho de Poiares não se encontra desprovido da mais diversa simbologia. Aqui poderemos encontrar os mais variados símbolos, sejam públicos ou sejam privados, sejam comerciais ou políticos, sejam de distinção ou de nobilitação.
De uso corrente na ciência, na arte, na literatura, na linguagem, na vida social, o símbolo leva-nos ao conhecimento de uma realidade, mais ou menos conhecida. Ao nível do simbólico vamos encontrar o mote da nossa dissertação – os brasões – os quais não são mais do que um símbolo, de uma família, de um país, de uma cidade ou de uma vila.
Relativamente aos brasões existentes neste concelho, a sua maior parte refere-se a instituições administrativas locais, ou tem origem monárquica.
De uma forma simplista poderemos considerar os brasões monárquicos como símbolo da nobilitação de determinada família, em virtude dos feitos de algum dos seus membros, por parte do poder régio. No concelho de Poiares existem três brasões monárquicos.
Na Póvoa da Abraveia, um dos mais antigos lugares do concelho, houve em tempos duas casas brasonadas. Um desses brasões, encontra-se na actual Biblioteca da Câmara Municipal, tendo sido pertença de D. João Casimiro de Mascarenhas, fidalgo da Casa Real, Capitão–Mor de Penela, muito antes do nascimento de Poiares como concelho. O outro brasão permanece no local original, tendo sido pertença de uma ilustre família descendente de D. Nuno Álvares Pereira de Melo, 1.º Duque do Cadaval, 4.º Marquês de Ferreira e 5.º de Tentúgal e Mordomo–Mor da rainha D. Maria Francisca Isabel de Sabóia.
No lugar de Vila Chã existe um solar com um brasão que pertenceu à família de José de Mattos Ferrão Castelo–Branco e Serra. A família dos Ferrões e Castelo–Branco, exerceram grande influência nos destinos do Concelho no século XIX, tendo assumido posições de destaque social.
Não poderíamos terminar sem focar o brasão que se encontra na fachada dos Paços do Concelho, o qual representa as armas de El Rei D. Luís, monarca reinante aquando da construção deste edifício.
Com a queda da Monarquia, desapareceu também a possibilidade de nobilitação e consequentemente o surgir de novos brasões monárquicos. No entanto permanece um outro tipo de brasões, agora estreitamente ligados à Administração Local. A este nível poderemos observar o brasão do concelho, o da freguesia de São Miguel de Poiares e o da freguesia de Lavegadas.
O brasão do concelho concebido na década de ’30, foi o concretizar de um anseio que vinha desde a fundação do concelho, pois desde cedo se considerou de extrema importância a existência deste símbolo. Caracterizado por dois pinheiros bravos, com duas andorinhas e uma abelha em chefe; coroa mural de quatro torres com listel contendo os dizeres: Vila Nova de Poiares.
Mais recentes são os brasões das freguesias de São Miguel de Poiares e de Lavegadas. O brasão de São Miguel é composto por, duas faixetas ondeadas, tendo por cima uma balança, com dois pratos azuis e uma espada de São Miguel; encontramos ainda uma ponta de ramo de oliveira e duas mós de moinho, coroado por coroa mural de três torres com listel contendo os dizeres: São Miguel de Poiares.
No brasão da freguesia de Lavegadas poderemos observar o Dólmen de São Pedro Dias, a ponte de Mucela, o rio Alva, e as açucenas de São José. É coroado por um mural de três torres com listel contendo os dizeres: Lavegadas.
Para o observador menos atento lembramos a distinção que existe, no campo da Administração Local, entre os brasões de cidade, vila e freguesia. Enquanto o brasão de freguesia é coroado por uma coroa mural de 3 torres, o de vila apresenta uma coroa de 4 torres e o de cidade uma coroa de 5 torres. São estas 5 torres que esperamos ver um dia a coroar o brasão Vila Nova de Poiares. E, se nos permitem a ousadia, poderíamos já antever o nosso brasão daqui a alguns anos, com a quinta torre que será orgulho de todos os Poiarenses. Este símbolo poderá ser considerado por alguns de vós como utópico, mas a verdade é que quando se aponta para que dentro de alguns anos a vila de Poiares seja elevada a cidade, está-se a criar essa quinta torre de “ouro” que honrará o Progresso e o Desenvolvimento do concelho, bem como todos os Poiarenses que contribuíram para a sua implementação. Isto porque não nos podemos esquecer que o Presidente da Autarquia Jaime Carlos Marta Soares tem como desejo que Vila Nova de Poiares seja «...num futuro pouco distante uma média cidade de capital importância no distrito de Coimbra e da própria região Centro do país...».
Continuando no percurso das sugestões, não nos podemos esquecer que existem duas freguesias no concelho que ainda não possuem o seu brasão. Como tal não vamos perder a oportunidade de convidar os Senhores Presidentes das respectivas Juntas de Freguesia a ponderarem a possibilidade de os elaborarem, para o que poderemos apontar algumas sugestões.
No caso da freguesia de Santo André, porque não fazer uma alusão à lenda de D. Afonso Henriques (Vimieiro). Não se considere novidade, o brasão da cidade de Faro é um dos que representam uma lenda. O próprio Dr. José M Ferrão, nos anos ’30, chegou a propor que esta lenda constasse no brasão do concelho.
Quanto à freguesia de Arrifana, não deixaria de ser interessante enaltecer o antigo porto fluvial de Louredo, verdadeiro pólo comercial no século XIX e inícios do século XX, de influência a nível regional.
Como foi referido anteriormente, estas palavras não passam de meras sugestões, que poderão ou não ser tidas em consideração por quem de direito. Acima de tudo pensamos que podem ilustrar traços da nossa História, que se devem marcar e realçar por forma a reforçar a História Local de Poiares, que tantos teimam em considerar inexistente.
As Actividades Comerciais
Feiras e Mercados VII
Polo de desenvolvimento de uma região, as feiras e os mercados são factor primordial desde os tempos mais antigos em todos os cantos da Terra. Desde tempos remotos que os homens deixaram de viver exclusivamente em economia domestica e passaram a viver fazendo trocas, primeiro directas e depois indirectas (ou seja monetária). Começaram por produzir mais do necessitavam, gerando excedentes que sabendo que com esses próprios excedentes poderá adquirir o que necessita a outros produtores. E assim nascem as primeiras formas de troca e de compra.
Podemos designar as feiras por lugares, geralmente descampados e descobertos onde se juntam feirantes em certos dias ou épocas para oferecerem produtos que pretendem vender. Em tempos mais recuados armavam-se barracas de comes e bebes e por vezes teatrecos (que popularmente alguns se apelidavam de Robertos) que eram a alegria de miúdos e graúdos, isto num tempo em que a realidade era tão diferente da actual.
Outro tipo de feiras se realizaram e outras por fortes tradições ainda hoje se realizam, como as feiras especificas de vários produtos; de gado, feiras cavalares, feira das castanhas. Há ainda as feiras francas, feiras onde não se pagam direitos. Os mercados são lugares ao ar livre em cidade ou aldeia em que se vendem géneros alimentícios ou diversas mercadorias. Outros tipos de mercado existem mas não falaremos deles visto não ser este o propósito do presente artigo.
Sabemos que as feiras no que é hoje o Concelho de Poiares, já existiam há centenas de anos e não é fácil saber como terão aparecido. Inicialmente cremos que fosse onde hoje é a povoação de Santa Maria, estando em ligação com o porto fluvial de Louredo. Com as novas vias de comunicação que se desenvolveram e com o maior povoamento de Poiares (Santo André) a feira deslocou-se também para este local, havendo a possibilidade de ter sido ela a responsável pelo desenvolvimento da povoação de Santo André de Poiares.(Um padre que cansado com o barulho expulsou a feira do local). É com a vinda destes feirantes à segunda – feira que a povoação de Santo André de Poiares terá começado a progredir.
Durante muito tempo coexistiram duas feiras. Uma de Produtos de vária ordem, como artigos ligados ao hoje chamado artesanato (que nesta altura eram artigos mais utilizados, como potes, cântaros de barro, vasos, tapeçarias variadas, cestos, palitos e outros, produtos hortícolas, como favas, ervilhas, batatas, e demais produtos da terra , produtos de panificação, como pão e bolos, peças de vestuário, artigos de ourivesaria, relojoeiros, e muitos outros produtos.
Outra feira de animais (conhecida por feira dos bois) que se realizava de 15 em 15 dias e onde se transaccionavam animais de grande porte, (gado) como gado muar, bovino, suíno, caprino, ovino e outros, a saber, bois, vacas, cavalos, burros, cabras, cabritos, ovelhas, bodes, porcos e animais de pequeno porte como aves de capoeira e outros bichos caseiros. Galinhas, perus, coelhos e outros bichos que tais.
Os locais onde as feiras se realizaram foram diversos. Desde a zona do fundo da vila onde poderá ter existido uma Igreja, local onde os mais antigos chamavam «Adro», ao lugar da estrada do cemitério ao largo da Capela de Nossa Senhora das Necessidades, ao local junto a Ribeira de Poiares, á própria Vila onde hoje se encontra o Jardim de Santo André, todos eles foram utilizados para comerciar os mais diversos produtos nas feiras que se realizaram em Poiares.
Registo que não deixa de ser interessante é o facto de em 1900, exactamente há 100 anos, o então Presidente da Câmara Municipal, senhor José Henriques Simões ter proposto á Câmara que se solicita-se ao Governo de Sua Majestade que fossem isentos de licença todos aqueles que expusessem géneros à venda em pequeno comercio nos mercados do concelho. Outra nota de pormenor é o facto de durante dezenas de anos a Câmara realizar praças para a limpeza do lixo das feiras. Na realidade nestas praças era o lixo arrematado por determinada importância. O lixo das ruas da Vila de Poiares e o lixo das feiras, eram designados de «Lixo de Montaria ?».
Existia a praça do peixe, onde se vendia este produto que desde os tempos mais recuados vinha em carroças de bois e posteriormente em camionetas até ao local de venda, ou até mesmo algumas peixeiras o traziam em cestas na camioneta de carreira de Coimbra. Por várias vezes temos registos sobre queixas que no inicio do século eram feitas por os proprietários confinantes com a feira da sardinha, em que expunham os prejuízos que tinham por o sal invadir os seus terrenos. Caso da Quinta do Torrel de Baixo em que o proprietário Dr. José M. D. Ferrão se queixava dos prejuízos na sua vinha. Ainda no inicio da década de 60’ haviam queixas das águas do mercado do peixe de se infiltrarem nos terrenos desta família. Posteriormente foi feito um poço para onde ia o sal que vinha dessa feira, atenuando o problema.
Que interessante será se tivermos a sensibilidade para pensar no tempo em que viveram os nossos pais e nossos avós, desprovidos de rádio, de televisão, de computadores de tudo o que nos rodeia.
Ouçamos os ruídos, ... o barulho das pessoas, das coisas, dos animais!
O ruído que ouvimos, será de vendedores ?
A terra batida, o feno, o mato, os cheiros e odores, as conversas, os gritos e pregões!
São os charlatões a apregoarem a «banha da cobra» para todos os males, é uma concertina que toca, uma galinha que foge, um cavalo que relincha, uma poça de água no chão, ... um lamaçal lá a frente!
Senhores, sim, senhores de respeito, de fato e colete, ou descamizados de trabalho, sim de trabalho arduo das terras, das pedreiras da serra, de bicicleta ou a pé, de cavalo ou de mula, quem sabe algum de carro, conforme os tempos. Vieram de várias terras vizinhas, para comerciarem, para falarem, ... falarem de que ? Da sua vida, dos seus afazeres, da política, do rei, do governo ou dos senhores das terras, ou simplesmente do senhor que acabou de passar e anunciava a nova peça de teatro que iria estrear: « ...venham ver, ... da terra á lua, ... venham ver, ... no teatro do Barreiro, ... etc. ...».
Post escritum : Agradecimento ao Senhor Alberto Santos pelas informações que nos prestou.
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