aboreira scriptorium

É pretensão deste espaço, ser um depósito de ideias, tónica de pensamentos do seu autor, sobre a actualidade em geral e com especial incidência em várias Culturas, no Turismo, no Património e na Gastronomia, em Vila Nova de Poiares, na Região das Beiras/ Portugal e no Mundo. Pedro Carvalho Santos, pensou-o ... e o fez ...

A minha foto
Nome:
Localização: Vila Nova de Poiares, Coimbra, Portugal

Existo - creio no meu Deus.

sexta-feira, janeiro 12, 2024

Patrimónios Poyaristas

Estes textos tem por base conteúdos para alunos do Agrupamneto de Escolas de Vila Nova de Poiares

Dólmen de São Pedro Dias

Este Monumento está localizado no alto da serra de São Pedro Dias e no topo da crista quartzítica da Serra da Atalhada, tendo o rio Alva ao fundo e a serra do Bidoeiro próxima a cerca de cinquenta metros da Estrada Nacional nº17 – mais conhecida como a “Estrada da Beira”. Esta Zona Geográfica é um importante condutor de movimentação humana há milhares de anos e com grande importância a nível nacional – desde as deslocações do gado transumante até a movimentações militares, caso das Invasões Francesas.

O Dólmen de São Pedro Dias é um Imóvel Classificado de Interesse Público – conforme, classificação por Decreto Lei n.º 29/90 de 17 de Julho e descrição no Plano Diretor Municipal de Vila Nova de Poiares. É um monumento Pré-histórico de valor inestimável devido à sua antiguidade que remete ao Neolítico, período mais moderno da Idade da Pedra, bem como à sua tipologia (sepultura coletiva). A presença deste monumento Megalítco, que se integra nesta vasta Região Beirã, constitui um importante vestígio no estudo da ocupação humana no nosso território.

O local caracteriza-se pela grande ocupação florestal, o que de resto é também característica de Vila Nova de Poiares, com zonas bastante declivosas devido às serras envolventes. Todo este cenário desdobra-se aos concelhos vizinhos – Penacova e Arganil. A nível da flora a sua área envolvente possui espécies vegetais predominantes como o eucalipto, a acácia e o pinheiro, fazendo ainda parte do coberto vegetal da área, espécies autóctones, como o sobreiro, o carvalho e o castanheiro.

As margens do rio Alva pertencentes ao concelho garantem simultaneamente a prática de banhos, o contacto com a vegetação local, actividades de lazer que aproveitam os recursos das serras e ainda os bons acessos rodoviários acabam por constituir um excelente ponto de criação de sinergias que se seguirá com a sua valorização e dinamização. A sua exposição solar bastante generosa aliada à sua altitude e amplitude permitem vistas privilegiadas, incluindo a contemplação do majestoso e predominante maciço da serra da Estrela.

 

Edifícios:

Paços do Concelho

 

O edifício dos Paços do Concelho de Poiares, foi construído ao longo das décadas de ‘60 e ‘70 de Oitocentos. O projeto inicial é da autoria do Engenheiro Militar, José Carlos de Lara Everard e ostenta na Porta Principal a data do “Auto da Pedra Fundamental”, 1866, gravada em pedra.

É um edifício sóbrio do tipo Neoclássico, que os “Poyaristas” de Oitocentos apelidavam de “Palacete Municipal”, e que teve inúmeros beneméritos que contribuíram na sua construção, em particular Manuel Lourenço Baeta Neves.

A fachada possui dois níveis de leitura: no primeiro, duas janelas em arco de cada lado com três portas ao meio também em arco, delimitado o corpo do meio com pilastras lisas e capitéis do tipo Dórico; no segundo andar ou andar nobre, temos uma bacia ao centro com três portas de sacada, pilastras lisas com capitéis Iónicos, duas janelas de cada lado que, antes da grande reforma de 1957, eram portas de sacada ao estilo Neoclássico.

 

É coroado por um frontão triangular liso com as armas do Rei D. Luís de Portugal ao centro, monarca reinante aquando da sua construção.

Neste edifício funcionaram inúmeros serviços para além dos Serviços Municipais: Finanças, Tesouraria, Delegação Escolar, Escolas Primárias (Masculina e Feminina), Conservatórias, Notário, Agencia Bancária, Correios, Biblioteca, Junta de Freguesia, Bombeiros, Cadeia, ADIP, entre outros.

Igreja Matriz de Poiares Santo André

A Igreja Matriz de Poiares tem por patrono Santo André. É um edifício proporcionado e simples.

 

Na Torre inscreve-se a data de 1744 num secular Relógio de Sol. Foi objeto de remodelação no século XIX e teve forte intervenção no final do século XX. Possuí fachada austera, mostrando a porta principal com frontão curvo, torre sineira à sua direita com cantarias nos cunhais e empena.

No interior mostra cinco altares: um altar – mor, dois colaterais e dois no corpo do edifício.

“O retábulo principal foi trazido de um templo de Lisboa. Pertence ao séc. XVII e é formado por uma composição clássica: arco central, abrindo para o Trono e, a cada lado, duas colunas emparelhadas, coríntias, caneladas, com  terço inferior decorado dum rótulo que encerra uma figura e de enrolamentos de acanto, rótulos nos pedestrais, friso de enrolamentos.”

In Inventário Artístico de Portugal, 1953

 

Os retábulos colaterais, embora do século XX, são feitos num tipo setencentista final.

Possui um mausoléu, em forma de estela neoclássica, dedicado ao Humanista José Vicente Gomas de Moura, falecido em 1854.  

 

Capela de Nossa Senhora das Necessidades

Propriedade da Irmandade de Nossa Senhora das Necessidades/Santa Casa da Misericórdia de Vila Nova de Poiares, a Capela de Nossa Senhora das Necessidades foi inaugurada e benzida pelo Reverendo Pároco Manuel dos Santos Petronilho em 1908.

Filia-se num estilo Neoclássico tardio e teve influência de uma Capela  velha que a antecedeu. A nova construção incluiu uma torre sineira que lhe confere majestosidade, no espaço onde se insere.  

Envolvendo a Capela encontra-se o recinto/ “arraial” de festas, onde se realiza a Festa de Nossa Senhora das Necessidades - uma das maiores romarias da região, frequentada por inúmeros romeiros e peregrinos que há algumas décadas ainda vinham dos concelhos limítrofes e de lugares mais distantes. É considerada como uma das Festas de maior projeção da região.

A Festa mantém esse mesmo cariz religioso com a tradicional procissão a que assiste toda a população e que reúne poiarenses que estão em todo o mundo. As musicas tradicionais, a canção popular e o fogo de artificio que se realizou durante anos são história e atrativos do segundo fim de semana de agosto que se comemora secularmente.


Igreja de Santa Maria

 

A Igreja dedicada a Santa Maria é um edifício remodelado na transição dos séculos XVIII e XIX. No entanto, sabemos que já no século XVI a povoação possuía Igreja e era centro administrativo das “Terras de Poyares”.

A frontaria e a torre, que se levanta à esquerda, estão concatenadas pelos elementos arquitetónicos.
Os cunhais unem-se na frontaria por um entablamento direito que se continua na torre, completando o corpo principal. A linha da empena é rematada de frontão triangular. No edifício destaca-se ainda a porta de verga curva e de frontão.
Tem três altares. O principal, do primeiro terço do séc. XVIII, de talha dourada, mostra a cada lado do amplo Trono duas colunas salomónicas, cavando-se um nicho entre cada par. No fecho do arco encontra-se um escudo na mesma talha: partido (dividido), à esquerda, as armas de Portugal, à direita, a insígnia da Universidade de Coimbra.

As Terras e Povoados da Arrifana estiveram sob o domínio da Universidade de Coimbra e a freguesia de Santa Maria da Arrifana é herdeira nas “Terras de Poyares” e dos domínios de Arrifana sendo a “cabeça” destes territórios no Período da Idade Moderna.

Possuía o encruzamento de estradas vindas de Louredo, Lorvão e Penacova, do Carvalho, de Ceira e Coimbra, assim como de Torres do Mondego.

Ponto de passagem histórico, Santa Maria tem traçados da estrada Romana, da estrada Real, da Estrada Nacional n.º 2 (ao tempo do Estado Novo) e foi o local da Albergaria de Poiares, grande testemunho nestes povoados de passagem e circulação de mercadorias, pessoas e de peregrinos. 

 

Igreja de São Miguel

Hoje ligeiramente afastada do centro da povoação de São Miguel de Poiares, é uma Igreja muito antiga do concelho e possui numa das suas duas Torres a data de 1742.

Edifício arquitetonicamente simples, mas raro na região pelas suas duas torres na fachada e por ter o corpo e a capela-mor cobertos de abobadas lisas.

As pedras de Cantarias desta Igreja são oriundas desta Freguesia onde existiu a actividade de exploração para construção civil e de mós para moer farinha, “os arenitos vermelhos na Serra de Alveite”. 

Na fachada, a linha dos telhados une-se por uma cornija que se evidencia, ficando abaixo dela a porta e, na altura do coro, duas janelas retangulares com friso e cornija. A linha da empena é mistilínea, abrigando um pequeno nicho, onde se encontra uma escultura de S. Miguel, de estilo Gótico e em calcário.

As torres ficam levemente retraídas e são dum só corpo. No interior, este Templo possui cinco altares, sendo os colaterais de colunas salomónicas.

As terras de São Miguel de Poiares foram “Terras da Universidade de Coimbra” e em 1195, o Foral dado pela Rainha D. Dulce, menciona a existência de um Convento de São Miguel.

 

Igreja de São José das Lavegadas

Situada no lugar de Igreja Nova é um edifício singelo e baixo, reedificado no séc. XVIII.

A frontaria, simples, compõe-se de porta retangular, verga de friso e cornija, e é de um óculo quadrifoliado.

À esquerda levanta-se uma torre mais tardia, com cobertura bolbosa e quadrada.

Os retábulos, tipo do séc. XVIII, concheados, foram restaurados posteriormente, já não existindo vestígios dos que, em 1659, o entalhador Francisco Gonçalves Pombo contratou com a Universidade de Coimbra. Existe ainda, num altar colateral, uma imagem da Virgem Maria, do séc. XVI, a quem falta o menino Jesus.

A Freguesia de Lavegadas resulta de uma desanexação da Freguesia de São Miguel de Poiares, do padroado da Universidade de Coimbra. O lugar da Moura Morta foi anexado mais tarde a esta freguesia, primeiro eclesiasticamente, no século XVIII, e só depois a nível civil, no Séc. XIX.

 

Ponte de Mucela

A Ponte de Mucela esteve sempre associada a grandes momentos da História Nacional, em virtude de ser local estratégico nas vias rodoviárias regionais e nacionais.

Existem registos que nos dão conta de uma ponte Romana no lugar de Mucela/ “Murcella”, por onde passava uma das mais importantes vias, que fazia a ligação de Coimbra/ Aeminium a Bobadela/ municipium, perto de Oliveira do Hospital.

A construção da atual ponte terá sido iniciada em 1298 por Pedro Salgado, tesoureiro de D. Dinis, substituindo a ponte romana, muito mais baixa, que existia a jusante. Refere-se também que D. Afonso II, em 1220, atravessou esta ponte sobre o Alva, citando uma povoação com doze fogos que se crê ser já o lugar de Ponte de Mucela.

A capela local foi benzida em 1739, altura em que já existia uma carreira semanal entre Seia e Coimbra com vinda à segunda e regresso à terça.

Há registos que evidenciam a retirada dos franceses em 1811 e o corte da ponte para a dificultar, assim como a razia feita pelos franceses que queimaram (casas, olivais e vinhas), roubaram (gados, viveres e roupas), violaram, assassinaram (vinte homens, dezasseis mulheres e três crianças) e destruíram a capela.

O lugar da Ponte de Mucela foi muito fustigado entre 1828 e 1839, durante a guerra civil entre liberais e absolutistas, na qual os Brandões tiveram ação preponderante.


 

 

 

Lenda das Libras de Ouro e da criada do senhor Abade

 

Lenda das Libras de Ouro e da criada do senhor Abade

Conta-se que aquando das Invasões Francesas, as tropas comandadas em Portugal pelo Marechal, André Massena, em debandada, roubando e pilhando tudo à sua passagem, terão cercado a casa do senhor Abade/Prior/Cura da aldeia de Sabouga (Freguesia das Lavegadas/ Concelho de Vila Nova de Poiares).

Constava-se nas redondezas, que o “Abade” tinha muito ouro, muitas libras de ouro.

A Criada (empregada domestica), ao ver a casa cercada por soldados Franceses e ouvindo disparos de tiros contra a porta da casa, apressou-se amedrontada em vir à janela!

- Senhores não façam mal ao senhor Abade, que eu vos entrego meio alqueire de libras de ouro, ao que lhe foi encher o meio alqueire.

Diz a lenda que eles levaram o ouro e não fizeram mal ao senhor Abade.