aboreira scriptorium

É pretensão deste espaço, ser um depósito de ideias, tónica de pensamentos do seu autor, sobre a actualidade em geral e com especial incidência em várias Culturas, no Turismo, no Património e na Gastronomia, em Vila Nova de Poiares, na Região das Beiras/ Portugal e no Mundo. Pedro Carvalho Santos, pensou-o ... e o fez ...

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Existo - creio no meu Deus.

sexta-feira, março 09, 2018

Ardeu a Casa dos Moinhos - Vila Nova de Poiares



Texto de 15 de Outubro de 2017 publicado no FB. 


Muito foi dito e muito se irá dizer sobre o fatídico dia 15 de outubro de 2017. Existem tantas “histórias” para contar como o número de pessoas intervenientes, já que os animais e as plantas não falam, isso só acontece nas fábulas, pois possivelmente teriam também as suas tristes histórias.

Amigos, estou triste - essa palavra diz tudo. Porque a Revolta, o Ódio, a Inflamação estão a passar. Agora só estou triste.

Não entendo depois das várias experiências que vi ao longo de quase meio século, como é possível com a tecnologia que temos, com o conhecimento e evolução que fomos adquirindo, chegar a um dia como este! Culpa, Culpados? Não entendo, onde está o “Sentido de Estado”, sim como tinham os nossos antepassados do século XIX, “Vencidos da Vida”, os tais Heróis do Mar, a Nação valente, … a Bem da Nação e não a Bem do “Umbigo” e dos Interesses Individuais!

Um fogo que lavra em todas as frentes, um aparelho ineficaz, um Governo desgovernado, uma falta de firmeza atroz nas decisões. Amigos, é para isso que a História serve, para aprender com os erros passados, corrigir e evoluir enquanto espécie. Perdemos a garra de um Vasco da Gama, do Sebastião José, do António Oliveira? Ideais como os de um Humberto Delgado ou do Salgado Zenha? Enfim, estamos a perder convicções e certezas para um laxismo, incompetência e incapacidade.

Quando aparecem Nacionalismos e movimentos extremistas ficamos alarmados e chamamos de populismo. Talvez não! Amigos, isso acontece porque o povo deixa de confiar nos Governantes, deixa de acreditar em quem promete mas não faz, … e quem não faz e não deixa fazer deve ser destituído, ou seja, deve abrir estrada a quem seja capaz. No domingo pelas 13 horas e muito antes de tudo começar a “aquecer” eu previa já uma “Vergonha Nacional”, pois a Nação está entregue a gente incapaz e incompetente. Infelizmente isso veio a acontecer.

Perdeu-se o pinhal que foi dado a conhecer a todos nós na escola primária, “o pinhal que D. Dinis mandou plantar”, o pinhal do Rei! Soa a um orgulho, … do Rei! O Rei manda, decide, é capaz, protege, … como nos Forais, protege o seu povo. Amigos, hoje este País protege nada, não há sentido de Estado, não há sentido Nacional, agregado a uma falta de Cultura exagerada. Existem ícones que nos fazem sentir alguém. De onde vim, para onde vou? A História, o orgulho de ser Patriota! Existe em mim um medo exacerbado de que não se enteda que defender o “Pinhal do Rei” é como defender o Mosteiro dos Jerónimos, é defender a nossa Identidade. Existem “coisas” que são o cerne de todos nós, que se devem erguer bem acima dos interesses económicos. Repare-se quando tudo falha na economia, nas finanças, quando existem guerras e privações, está lá a Historia para confortar, para aliviar a dor. O Orgulho Nacional. Não o sinto isso neste momento, sinto sim um vazio e escuridão.

Em Vila Nova de Poiares, que tenho como uma parte de mim, nos anos 80 vi arder um Arquivo importante para a história deste concelho. Um enorme fogo ardia em Vila Chã. Nessa altura perguntei aos meus pais o que se passava. Ardia a enorme Casa dos Ferrões, depósito de informação e verdadeira História do Concelho. Se não o entendi na altura, passados anos percebi o que se tinha perdido naquela hora.

Mas havia uma salvação. Havia uma escapatória. Existia a Grande Casa dos Moinhos! É difícil descrever o seu papel na História de Poiares. É paralela ao próprio concelho. Indústria, Lagares de Cera, de Azeite, Alambiques, Serração, Cerâmica, Comércio em Poiares, na Região, no País e para as Ex- Colonias. De um trato e requinte fabuloso, com Charretes, o Glamour da Belle Epoque, com a fineza das Talhas das suas Capelas, com as caixas dos chapéus de Senhora, com as histórias da “Menina de Ouro”. O meu amigo Manuel dizia-me: “um pedaço de um passado faustoso”. Pois… nunca mais será como dantes. Tenho conhecimento de um escritório no edifício que tinha parado no tempo, ao entrar nele andava-se 100 anos para trás. Era o depósito da História de Poiares. Particular claro, mas nosso! Poiares e as Terras de Poyares, não tiveram Duque ou Conde, fruto de várias vicissitudes da História e da proximidade a Coimbra. Poiares teve no entanto uma família Burguesa, que influiu na Universidade de Coimbra, na Política Nacional Local e Regional. Aqui nestes Territórios ajudou a criar o nosso Concelho. Quando Poiares foi extinto em 1895 e Restaurado em 1898 (a 13 de janeiro) era Presidente da Câmara José Maria Henriques Simões. Amigos entendam, a Casa dos Moinhos, património privado, que segundo me apercebi estava sofrer obras de restauro, não podia arder. Não podia perder-se. Existiam mais memórias reais do concelho naquela Casa do que no próprio edifício da Câmara Municipal. Aquele edifício não era uma casa devoluta, que como tal não era prioritária, deveria ter sido defendida com “unhas e dentes”, era um imperativo concelhio. Todas as percas são únicas, todos sofremos e continuamos a sofrer, também eu perdi com este flagelo. Mas a Casa dos Moinhos era ÚNICA. Fiquei desolado quando no final de um dia de desgraças e de combate ao fogo, já de noite, me disseram: a Casa dos Moinhos ardeu. Perguntei qual parte? Resposta, toda. Procurei forças para ir até lá e só acreditei quando vi. Da história local de Poiares, já por si paupérrima e muito pobre em vestígios físicos, este era um repositório das nossas Tradições e da nossa Memória Coletiva. Perdemos os mesmos 80% de Identidade Poiarense como o país perdeu 80% do Pinhal do Rei. Assim, infelizmente, este tipo de políticas tornam-se ineficientes, insensíveis e aí, começamos realmente a pedir um Rei que nos Governe.  
Pedro Santos     

Freguesia de Poiares – Santo André



Freguesia de Poiares – Santo André

Em 1836 quando nasceu o concelho, hoje de Vila Nova de Poiares, era designado: Santo André de Poiares, Santo André era o nome da Freguesia, sede deste recente concelho.

A Vila de Poiares Santo André é sede desta freguesia e sede do concelho de Vila Nova de Poiares e tem por orago, como próprio nome topónimo o indica, Santo André.

O povoado de Santo André embora antigo é de recente fundação. Conta a nossa História que terá sido por volta de 1640 que um padre cansado do barulho da feira junto à Igreja de Santa Maria da Arrifana terá expulsado os feirantes daquele lugar, tendo estes vindo a instalarem-se em Santo André de Poiares.

No entanto o desenvolvimento e povoamento do local por onde cresceu Poiares Santo André são atribuídos ao Mosteiro de Lorvão, dados os territórios que aqui tinha como grande Donatário desta Região. Algumas referências documentais apontam para uma Albergaria de Poiares como possível início da povoação. Esta albergaria  é mencionada em vários documentos entre os quais uma doação de D. Afonso III relativa à Igreja de Óbidos, datada de 1264.

Os povoados das Freguesias de Santa Maria da Arrifana e São Miguel de Poiares são mais antigos remontando ao início da nossa nacionalidade como o atesta o Foral de D. Dulce em 1195. Será por isso que nos surgem Casas de Cariz Religioso; na Abraveia, Povoa da Abraveia, São Miguel, Venda Nova, Couchel e em várias aldeias do hoje concelho, mas não na sede, Vila do concelho. As estradas principais e vias não passavam no meio da Vila como no século XX se passou a verificar, mas antes nos traçados seculares que provinham do Carvalho e Louredo (porto fluvial), assim como Forcado, Vale de Vaide, Olho Marinho, Mucela, Sabouga e outras periferias como até Friúmes. As estradas foram tendo convergência para a Vila sede de concelho, nessa mesma altura que começou a "desenhar-se a atual Cabeça do Concelho" - 1836.  

Poiares Santo André é hoje a maior Freguesia em população do Concelho, onde se encontram os Paços Municipais iniciados em 1866 e Ocupado nas decadas de '70 de Oitocentos. Também aqui se localizam os grandes espaços públicos: o Jardim Municipal, construído em 1957 em frente aos Paços do Concelho; o Jardim de Santo André no centro da Vila de Poiares e o Jardim aos Poiarenses construído em 2009, jardim exótico e moderno que conta com um bonito monumento, numa fonte, dedicado às artes e manufacturas das antigas profissões concelhias.

Na sede do concelho encontram-se os Serviços Administrativos mais importantes: Agrupamento de Escolas, Bancos; Finanças; Notário; Proteção Civil e Bombeiros; Correios; Terminal Rodoviário; Infraestruturas desportivas (Estádio e Campos de Futebol) e culturais como o CCP (Centro Cultural de Poiares), assim como a maior parte do Comercio e Serviços.

É nesta Freguesia que se encontra o Templo de Nossa Senhora das Necessidades com a Capela benzida em 1909, substituindo uma capela de menores dimensões muito mais antiga. Aqui no “Arraial”, grande espaço de arvoredo realiza-se todos os anos a Festa à sua Padroeira no segundo Domingo de Agosto.

Ao nível do Património Humano, era oriundo desta Freguesia o Insigne Prof. Doutor Daniel de Matos, nascido em 1850. Licenciado em Medicina, Reitor e Lente da Universidade de Coimbra, publicou inúmeras obras de referencia, traduzidas para outras línguas, foi médico de nomes como, a Rainha D. Maria Pia, Dr. Afonso Costa, Dr. António José de Almeida, Brito Camacho e tantos outros.

Em 1858 nascia na Aldeia Nova o General João Pedroso de Lima. Comandou várias divisões do Exército e da Guarda Nacional Republicana, tendo sido Ministro da Guerra e do Interior.

Nascido em 1874, o Dr. José Maria Dias Ferrão, formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra. Com inúmeras obras Jurídicas e Monográficas, é autor da primeira monografia do Concelho.

Lugares e aldeias da Freguesia são inúmeras e podemos destacar, a aldeia das Ribas no limite do concelho com Miranda do Corvo, a aldeia do Forcado no limite do Concelho com Serpins; a aldeia de Framilo limite do concelho com Foz de Arouçe e Casal de Ermio. Entroncamento de Poiares onde se cruzam as estradas nacional n.º 2 e nacional n.º 17, Risca Silva aldeia de comerciantes, aldeia de Couchel ou Abraveia são alguns dos lugares característicos desta Freguesia.

Pedro Santos – 8 de Janeiro de 2018