aboreira scriptorium

É pretensão deste espaço, ser um depósito de ideias, tónica de pensamentos do seu autor, sobre a actualidade em geral e com especial incidência em várias Culturas, no Turismo, no Património e na Gastronomia, em Vila Nova de Poiares, na Região das Beiras/ Portugal e no Mundo. Pedro Carvalho Santos, pensou-o ... e o fez ...

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Localização: Vila Nova de Poiares, Coimbra, Portugal

Existo - creio no meu Deus.

quinta-feira, novembro 09, 2006

Visita a V. N. de Poiares em dados e números

Características Geopolíticas do Concelho de Vila Nova de Poiares:

Área do Concelho: 100,00 Km2

População: 7500 habitantes

Densidade Populacional: 75 h/Km2

Sede de Concelho: Poiares (Santo André)

Freguesias: Poiares (Santo André) – São Miguel de Poiares – Arrifana – São José das Lavegadas

Geminações com as localidades:

França – Douchy Les Mines
Cabo Verde - Maio
Polónia – Mielec
São Tomé e Príncipe – Caué
Liquiça – Timor Lorosae
Lichinga – Républica de Moçambique

Igreja Matriz de Poiares

A Igreja Matriz tem por titular Santo André, no entanto a festa concelhia não é em honra deste Santo, mas em honra de Nossa Senhora das Necessidades.
Edifício sóbrio, possui uma torre com relógio de sol, com data de 1744. No entanto sabemos que as primeiras edificações serão muito mais antigas (no arco do corpo da igreja, lado direito encontra-se a data de 1684). Fachada aústera, mostrando à porta um frontão curvo, torre à direita, com cantarias nos cunhais e empena.
No interior mostra altar-mor, dois colaterais e dois no corpo. O retábulo principal foi trazido de um templo situado na cidade de Lisboa. Este retábulo pertence ao século XVII, sendo formado por uma composição clássica, com arco central, abrindo trono, com duas colunas emparelhadas, estilo Coríntio, caneladas na parte superior e decoradas dum rótolo que encerra uma figura e de enrolamentos de acanto, rótulos nos pedestais.

Os retábulos colaterais, feitos num tipo setecentista final, são já do século XX.
Podemos ainda observar um mausoléu, em forma de estela neoclássica, atribuído ao humanista José Vicente Gomes de Moura.

Igreja de Santa Maria

Dedicada a Santa Maria, é um edifício remodelado na transição dos séculos XVIII e XIX. A frontaria e a torre, que se levanta à esquerda, estão concatenadas pelos elementos arquitectónicos.
Os cunhais unem-se na frontaria por um entablamento direito que se continua na torre, completando o primeiro corpo dela. A linha da empena é rematada de frontão triangular. Porta de verga curva e de frontão.
Tem três altares. O principal, do primeiro terço do séc. XVIII, de talha dourada, mostra a cada lado do amplo trono duas colunas salomónicas, cavando-se um nicho entre cada par. No fecho do arco encontra-se um escudo na mesma talha: partido, a primeira de Portugal, segunda com a insígnia da Universidade.

Igreja de São Miguel

Igreja muito antiga do concelho de Vila Nova de Poiares, possuí numa das suas duas Torres a data de 1742. Edifício arquitectonicamente simples, é raro na região, pelas suas duas torres na fachada e por ter o corpo e a capela-mor cobertos de abobadas lisas.
Na fachada, a linha dos telhados une-se por forte cornija, ficando abaixo dela a porta e, na altura do coro, duas janelas rectangulares com friso e cornija. A linha da empena é mistilínea, abrigando um pequeno nicho, aonde se encontra uma escultura de calcário, de S. Miguel, Gótica.
As torres ficam levemente retraídas e são dum só corpo. Este Templo possuí ainda cinco altares, sendo os colaterais de colunas salomónicas.

Igreja de São José das Lavegadas

Situada no lugar de Igreja Nova é um edifício singelo e baixo, reedificado no séc. XVIII. A frontaria, simples, compõe-se de porta rectangular e verga de friso e cornija, e é de um óculo quadrifoliado. À esquerda levanta-se uma torre mais tardia, com cobertura bolbosa, quadrada.
Os retábulos, tipo do séc. XVIII, concheados, foram restaurados posteriormente, já não existindo restos dos que, em 1659, o entalhador Francisco Gonçalves Pombo contratou com a Universidade de Coimbra. Existe ainda, num altar colateral, uma virgem do séc. XVI, a que falta o menino.

Motivos de interesse:

Poiares (Santo André)
Igreja Matriz, Paços do Concelho, Jardim Municipal, Capela de Nossa Senhora das Necessidades, Casa Municipal da Cultura, Pavilhão Gimnodesportivo e Piscinas Municipais, Quartel dos Bombeiros Voluntários, etc.
São Miguel de Poiares
Igreja de São Miguel de Poiares, Capela de Santo António, Zona Industrial de Poiares, (Kartodromo, Pista de radiomodelismo, Pista de Motocross, Campo de Futebol, etc.) Parque de Merendas das Medas, Piscinas da Fraga, etc.
Arrifana
Igreja de Santa Maria de Arrifana, Cruzeiro da Serra do Carvalho, Louredo, Moinhos de Vento, etc.
Lavegadas
Igreja de São José de Lavegadas, Ponte de Mucela, Dólmen de São Pedro Dias, Miradouro de São Pedro Dias, etc.

Festas e Romarias:
Festa de Nossa Senhora das Necessidades:
A Festa de Nossa Senhora das Necessidades é uma das maiores romarias da região perdendo-se a sua origem no tempo. Frequentada por inúmeros romeiros que vinham ainda a algumas décadas dos concelhos limítrofes e de lugares mais distantes, foi considerada desde sempre como uma das Festas de maior projecção da região. Hoje o programa mantém esse cariz religioso com a tradicional procissão a que assiste toda a população. As musicas populares, a canção popular o fogo de artificio são os atractivos destes três dias do segundo fim de semana de Agosto.
Romaria ao São Pedro:

Conhecida desde os tempos mais remotos por Almas da Serra, a Capela de São Pedro situa-se no alto da serra de São Pedro Dias. A 29 de Julho são oferecidas flores como pagamento de promessas, numa festa singela e simples mas muito bonita ao Santo que tem o poder de fazer desaparecer cravos e verrugas que desfeiam as pessoas.
Nota: Durante o Verão por todo o concelho sucedem-se as mais diversas festas associadas aos oragos e padroeiros.

Artesanato:

- Artefactos de madeira de salgueiro branco e de choupo: palitos em flor e em pestana, moinhos de vento, fusos, rocas, etc. - Localidades: Casais, Ervideira e Sobreiro.
- Cestaria e Canastraria: cestos de vime e de diversos formatos. – Localidades: Casais, Ervideira e Sobreiro.
- Olaria em Barro Preto: Caçoilas, Cantarinhas de Segredo, Assadeiras, Objectos decorativos, etc. – Localidade: Olho Marinho.
- Artefactos em Pedra: Mós para moagem e decoração. – Localidade: Alveite Grande.
- Tecelagem: Tapetes e outros artigos tecidos. – Localidades: Carvalho e Sabouga.
- Cordoaria: Capachos para moagem da azeitona. – Localidade: Santo André.

Nota: Todo o Artesanato do concelho encontra-se exposto no Centro Difusor de Artesanato localizado no Edifício ADIP – Zona Industrial de Poiares.

Gastronomia:

Chanfana – Cozinhada nos caçoilos de barro preto do lugar de Olho Marinho, é um dos pratos mais famosos do concelho. Tem como ingredientes; carne de cabra velha, vinho tinto, banha de porco, colorau, louro, cabeças de alho, salsa, sal e piri-piri. Prepara-se da seguinte maneira: Coloca-se a carne num caçoilo de barro preto e tempera-se com os ingredientes, rega-se com o vinho, (que deve ser graduado) vai ao forno de lenha de duas a três horas e deixa-se apurar.
Nota: Existe no concelho a “Confraria da Chanfana” com o objectivo de divulgar este prato gastronómico do concelho.

Arroz de Bucho – Prato muito procurado na gastronomia Poiarense, tem como ingredientes; meio quilo de arroz, meio quilo de carne de porco, chouriço, salsa, louro, serpão, sal, colorau, azeite, um copo de vinho do Porto, piri-piri e cebola. Prepara-se, lavando-se muito bem o bucho raspando-se para tirar possíveis odores. Os ingredientes misturam-se e colocam-se dentro do bucho que é cozido com agulha e linha, coze-se durante hora e meia e serve-se acompanhado geralmente de hortaliças.
Folar – Geralmente mais divulgado na altura da Páscoa, o Folar tem os seguintes ingredientes; um quilo de farinha, trezentas gramas de açúcar, sete a oito ovos, leite, margarina, fermento de padeiro, raspa de limão e sal. Prepara-se da seguinte maneira; junta-se o açúcar com a farinha, misturando bem, faz-se um buraco a meio da farinha e colocam-se os ovos, o leite, a margarina e o fermento desfeito em água, amassando-se tudo muito bem. Deixa-se levedar. Corta-se em pedaços para se formarem bolas, esticando-as em cima de uma folha de papel vegetal cortado para o efeito e vai ao forno.
Nota: O forno de lenha deve estar com a temperatura apropriada.

Mercado Semanal: Segunda – Feira

- Feira Nacional de Artesanato – “POIARTES” – Terceira semana de Setembro (Poiares Santo André)
- Romaria de Nossa Senhora das Necessidades: Segundo Domingo do Mês de Agosto (Poiares (Santo André – Festas do Concelho)
- Romaria de Santa Maria de Arrifana – Quarto Domingo do Mês de Agosto
- Romaria de São Miguel de Poiares – Primeiro Domingo de Setembro
- Romaria no Alto de São Pedro: 29 de Junho – Freguesia das Lavegadas

Património Natural:
Vila Nova de Poiares situa-se numa bacia rodeada de serras. É um concelho com paisagens de largos horizontes, com recantos pitorescos e aprazíveis. Em locais como o Parque das Medas, Serra do Carvalho, Serra do Bidueiro, Fraga e margens do rio Mondego e rio Alva desfrutam-se belas paisagens e observa-se muito do património natural existente neste concelho.

A flora predominante é constituída em termos de estrato arbóreo por Pinheiro bravo (Pinus pinaster), Pinheiro manso ( Pinus pinea), Eucalipto (Eucalyptus globulus), Sobreiro (Quercus suber), Carvalho cerquinho (Quercus faginea), Carvalho negral (Quercus pyrenaica), mimosa (Acacia dealbata) e estrato arbustivo por Esteva (Cistus ladanifer), Tojo (Ulex argenteus), Carqueja ( Chamaespartium sagittale). Nos últimos anos temos assistido ao domínio do Eucalipto sobre o Pinheiro, provavelmente relacionado com a ocorrência de incêndios, ou então pelo simples abandono de antigos povoamentos de Pinheiro bravo, onde se desenvolveu por regeneração natural o eucalipto devido à proximidade física desta espécie.

A fauna é constituída sobretudo pelo Coelho bravo (Oryctolagus cuniculos), Lebre (Lepus capensis), Raposa (Vulpes vulpes), Javali (Sus sscrofa), uma grande diversidade de avifauna, de onde se destaca a Perdiz ( Alectoris rufa) e algumas espécies de aves de rapina como a Águia de asa redonda (Buteo buteo), Gavião (Accipiter nisus), Açor (Accipiter gentilis), Milhafre (Milvus migrans). Em termos de população piscícola pode-se encontra espécies como Boga (Chondrostoma polylepis), Barbo (Barbus bocagei), Carpa (Cyprinus parpio), Escalo (Leuciscus sp.), Sável (Alosa alosa), Lampreia (Lampetra fluvialis), Enguia (Anguilla anguilla), Truta do rio (Salmo truta).

Lenda de D. Afonso Henriques Versão Infantil

Versão Infantil com base na obra de Aquilino Ribeiro do século XIX, com adaptação de Pedro Santos.


No Séc. XII, o Papa Honório II que vivia numa cidade muito longe daqui, em Roma enviou um Cardeal Legado a Portugal.
O Cardeal – Legado foi enviado devido à queixa que D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, que era o nosso Rei de Portugal, lhe fizera depois da batalha de São Mamede dizendo-lhe que o seu filho a mantinha presa, segundo um antigo costume.

Na cidade de Coimbra terá o nosso rei perguntado ao mensageiro papal!
- Então a que vindes, cardeal amigo?
- Venho do mando do Santo Padre ensinar-vos a fé de Cristo ...
- Ensinar-me a mim a fé de Cristo ... ?!
- Então as letras que cá se usa não é o mesmo que em Roma ?
E D. Afonso Henriques, recitou-lhe tim-tim por tim-tim todas as coisas da religião.
- Hem ? Assim já sabes que eu sei as coisas.
- O cardeal não gostou como o Rei tinha falado e foi dormir com a ideia de bem cedo voltar para casa e fazer mal a este Rei.
- No dia seguinte excomungou a cidade e o reino e fugiu a bom fugir.
- Já ia a 10 Km de Coimbra quando os empregados do Rei lhe foram dizer.
- O Rei levantou-se, mandou pedir o cavalo mais veloz e foi a galope o mais rápido possível.
- Assim levado num furioso galope a corta mato, chegou a perto de Poiares. Um pouco mais adiante viu o cardeal legado que choutava com a comitiva.
- O Rei correndo para ele, sem pena nenhuma deitou-lhe a mão esquerda ao cabeção, ao passo que com a direita desembainhava a espada para o matar:
- Espera traidor, que é hoje o teu último dia ! ...
Os cavaleiros que o tinham seguido à carga cerrada é que o seguraram:
- Não o mateis, senhor, que então é que vos tomam por herege verdadeiro !
- Seja, não o mato, mas há-de desfazer e já, tudo quanto fez ...
- Senhor – gemeu o cardeal – tudo o que vós quiserdes eu o farei de boamente.
- Então desexcomungai quanto excomungastes ...
- Senhor, eu o desexcomungo em nome do Padre, do Filho e do Espirito Santo.
Depois o Cardeal voltou a Roma e disse ao Papa coisas boas do Rei de Portugal.
O Papa ficou pensativo e ao saber que o Rei de Portugal era tão bravo e valente mais tarde deu um documento chamado uma Bula que dava a independência de Portugal do reino de Espanha.