aboreira scriptorium

É pretensão deste espaço, ser um depósito de ideias, tónica de pensamentos do seu autor, sobre a actualidade em geral e com especial incidência em várias Culturas, no Turismo, no Património e na Gastronomia, em Vila Nova de Poiares, na Região das Beiras/ Portugal e no Mundo. Pedro Carvalho Santos, pensou-o ... e o fez ...

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Localização: Vila Nova de Poiares, Coimbra, Portugal

Existo - creio no meu Deus.

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

uma questão ligada a Maravilhas


uma questão ligada a Maravilhas

Em cada terra, em cada localidade, em cada cidade, em cada região e em cada país, ... também em cada continente e no nosso mundo em geral existem Maravilhas. É lógico que isso depende em primeiro lugar do que se entende por Maravilha e do que se considera Belo!
A Maravilha pode ser uma paisagem, uma construção, um Homem, enfim um pequeno ou grande acontecimento, um momento e tantas outras questões.
Agora muito se fala de Maravilhas, deve ser das sete pois claro.
Em um Jornal Regional pude observar que o Mosteiro da Batalha estava para ser, ou candidato a Maravilha! Pasme a minha alma Lusitana se o Mosteiro da Batalha não é por direito uma Maravilha do nosso País!
Não será preciso nenhum Doutoramento em Artes para se saber que o Mosteiros dos Jerónimos são uma Maravilha Nacional. E o Palácio Convento de Mafra? Que em vez de ser uma Câmara ou um Quartel devia ser um Museu e uma Unidade Hoteleira de quantas estrelas houvesse. E as Lagoas de São Miguel? A Costa Vicentina? A Serra da Estrela? E a Peneda Gerês? Pois o Castelo de Guimarães pelo significado que tem, ou a Universidade de Coimbra? Depois é o Problema! É que se calhar temos que colocar um por Região! O Alentejo tem o Templo de Diana!!!!!! E porque não a paisagem Alentejana? As Sés? É pá, mas isso são muitas! E a Basílica da Estrela, que possuí inúmero Património Humano lá dentro? E o vinho do Porto, as Caves de Gaia? As pinturas Rupestres, as Pegadas da Lourinhã e Sintra? O Palácio e a Pena?
É difícil se calhar escolher, mas se eventualmente é Monumento e Património Edificado que se quer, então como critério tenha-se o movimento de arte e estilos em Portugal. Se é de um âmbito geral, que se tenha gosto na escolha, mas acima de tudo que se deixe de dizer coisas que não são e que se passe a chamar os “bois pelos nomes”, que se pare de incitar e chamar à praça publica monumentos e conjuntos que até uma criança sabe dar o valor e certeza que é por direito Maravilha.

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

2002 e 2003, ... anos de acontecimentos culturais ...

Em Dezembro de 2002 o Professor José Hermano Saraiva visitou o Concelho de Vila Nova de Poiares. Integrado no Programa Horizontes de Memória o Professor confidenciou ser este um dos Concelhos que ainda estava por fazer para que o país estive-se todo representado. O Ilustre Professor José Hermano Saraiva, Grande Historiador e comunicador de renome do nosso país visitou o concelho de Vila Nova de Poiares a fim de gravar mais um Programa Horizontes da Memória. Este programa foi transmitido na RTP – 1, RTP – 2, nos dias 28 de Dezembro e 2 de Janeiro tendo ainda exibições na RTPI, RTP/África, RTP/Madeira e RTP/Açores. Acompanhamos o Professor pelo concelho, privando com ele uma experiência enriquecedora, tendo sido esta visita uma mais valia para o concelho.

No dia 13 de Janeiro, dia de Feriado Municipal neste concelho, foi lida uma pequena nota sobre a sua História Local. Um resumo em poucas linhas do seu “Livro Histórico”.

Nota sobre História Local, proferida no Salão Nobre dos Paços do Concelho:

Comemoração dos 105 anos
da Restauração Definitiva do Concelho de Poiares em 1898

O Concelho - Restauração do Concelho em 1898

«Concelho criado no segundo quartel de Oitocentos, aquando das Grandes Reformas Administrativas em 1836, “Santo André de Poiares” nasce da vontade do povo, dos “Poiaristas” que queriam uma autonomia em relação aos concelhos vizinhos em particular face ao concelho de Coimbra. No entanto, escritos antigos com alusões às Terras de Poiares asseguram-nos de que este espaço já era povoado há mais de um milénio. *»

«Em 1855 tem Santo André de Poiares um revés na sua História. O tão jovem concelho é “molestado”, “mutilado” e “esquartejado” nos seus limites fronteiriços. Os “Poiaristas” lutaram a olhos vistos, Antonino Ferreira Lima faz a defesa de todo um Concelho, apelando à sua integridade. Estes problemas administrativos iriam durar até ao final do Século. Iniciavam-se 43 anos de indecisões, de incertezas, de dificuldades.»

«Cerca de uma década passada, é o concelho suprimido, em jeito de “mau sonho”! Em Dezembro de 1867 é suprimido o Concelho, para em Janeiro do ano seguinte ser Restaurado!
Andavam assim também os destinos do País, ora era, ora não era!
Quem sofria era o povo!
O Concelho de Poiares tinha escapado às garras de uma extinção! Agradece-se ao Conselheiro José Dias Ferreira, o Vizinho amigo de Pombeiro.»

“Culmina assim e em final de Século, o destino deste Território que durante tantos e tantos anos implorou a sua independência, o seu espaço próprio. Na última década do Século XIX era o Concelho de Poiares Suprimido para glória e satisfação de alguns, para infelicidade e desgosto de tantos milhares que aqui viviam.
Por Decreto de 21 de Maio de 1896 sob olhar atento de João Franco, passava o concelho a ser partilhado pelos antigos e poderosos concelhos limítrofes, designadamente Penacova e Lousã, partilha que lembrará o acordo Franco – Espanhol, nas Guerras Napoleónicas décadas passadas, sobre este rectângulo Atlântico Ocidental de seu nome Portugal!»

«Mas teimava em não nascer um novo Século com o concelho de Poiares extinto!
E assim, em 1898, fez-se luz em Lisboa, raiando o sol até um pequeno Concelho que durante séculos tinha sido sempre injustiçado, negando-lhe o que por direito tinha lhe sido atribuído aquando do nascimento do mundo! O espaço natural que Serras, Montes e Rios haviam moldado para “berço” do Concelho de Poiares.
Bem se sabe que nunca mais teve os seus primitivos limites concelhios, “que bebiam nos mais antigos registos desde o nascimento da nacionalidade Portuguesa”, quedando-se pela configuração que hoje apresenta.»

«O Concelho de Vila Nova de Poiares fica reconhecido a antigos “amigos” deste Concelho que serão para sempre recordados com muita amizade, nomeadamente ao Chefe do Governo Progressista, José Luciano de Castro, Ministro do Reino, assim como ao Deputado pelo Círculo, Ernesto de Lima Duque. O Rei D. Carlos acede ao pedido para, volvidos 7, anos elevar Poiares a Vila!»

«Hoje, passados 105 anos deste acontecimento marcante da História de um pequeno, mas grande Concelho, recordamos aqui de forma sucinta, mas marcante a Restauração do Concelho de Poiares. Este concelho como tantos outros no país quiseram afirmar-se, quiseram a sua independência!
No caso concreto de Poiares pareceu-nos justo, “As Terras de Poiares” “gritaram” durante Séculos pela sua autonomia, pela sua Independência Administrativa.

Hoje, passado mais de um Século, apenas podemos dizer que valeu a pena, realmente valeu a pena, e também assim melhor podemos compreender que o desenvolvimento e progresso que marca o Concelho de Vila Nova de Poiares no presente seja, como designa o nosso Presidente da Câmara, Jaime Carlos Marta Soares, o espirito de “Uma Raça Poiarense”, que tem enaltecido os seus antepassados e todos os esforços e sacrifícios por que estes passaram para que Poiares continue a ter a sua Autonomia e Independência.»

* Que se saiba, os territórios do hoje concelho de Poyares eram dos que possuíam rendas mais elevadas no “Distrito” de Coimbra! Ou seja grande fonte de receitas de impostos. O “Tombo de 1431” do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra assim o diz: “... a região de Poiares surge como um dos locais onde o Mosteiro possuía bens mais avultados nos termos de Coimbra ... “. Já no Século XV a Vara de Vila Chã de Poyares era referenciada.


No dia 25 de Abril de 2003, integrado nas Comemorações Municipais, foi apresentado o Lançamento do Livro « Santo André de Poyares – Paisagens e Memórias Urbanas ».

Nas Comemorações Concelhias do dia 25 de Abril de ’74, foi apresentado pela senhora Professora Doutora Margarida Sobral Neto, docente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, o livro « Santo André de Poyares – Paisagens e Memórias Urbanas ».
Este livro faz um estudo sobre o centro da Vila Sede de Concelho. Com Nota Prévia do Ex.mo Senhor Presidente da Câmara e Prefácio da Ex.ma Professora Universitária, contem ainda várias plantas topográficas da Vila e uma Cronologia das Histórias do concelho de Poiares.

Dia 6 de Setembro de 2003, visitou o Concelho de Vila Nova de Poiares a Associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos.

No dia 6 de Setembro a Associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos, com sede em Lisboa, visitou o concelho de Vila Nova de Poiares. Esta visita foi antecedida por uma palestra, proferida pelo signatário, dia 4 de Setembro e decorreu em Lisboa na sede desta Associação.
A visita ao concelho contemplou, entre outros: O “Centro Histórico” do concelho, a Igreja de Santa Maria, Louredo, Carvalho, Moinho de Vento nos Terreiros, São Pedro Dias (Dólmen), Ponte Mucela, Capela de Santo António e a Zona Industrial de Poiares entre outros pontos de interesse e de passagem. O almoço oferecido pela Autarquia foi motivo de muitos elogios pela Gastronomia Poiarense e Regional, onde a Chanfana e o Arroz de Bucho foram pitéus apreciados e onde cada vez mais estes se assumem como verdadeiro Património das “Terras de Poyares”.

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

e o doce nasceu e Poyares venceu!

Na promoção de um concelho que teima em ser o melhor entre os melhores nasceu um doce magnifico e muito beirão. Jaime Soares Presidente do Município é o Pai desta esplêndida ideia que antes de ser um verdadeiro sucesso, ... já o era!

Apresentação do Poiarito

Desde tempos imemoriais que na região onde se situa o concelho de Vila Nova de Poiares se confeccionaram inúmeros pratos gastronómicos, salientando-se os de doçaria.

Nesta região, a doçaria teve quase sempre por base, tanto o saber popular, como a mestria das mais nobres elites do reino, com incidência nas casas religiosas e conventos.
Produtos ligados ao pão, mel, ovos e vinhos, assim como seus derivados, aguardentes e em especial os licores, deram cor e sabores aos doces por aqui confeccionados.

A base desta cultura alimentar, sempre muito rica e variada deu origem a que a região obtivesse a Denominação de Origem Protegida no caso do Mel de Urze. O próprio nome Poiares terá tido origem nos fornos da Poia, onde se coziam os grandes pães de cabeça e a chanfana. Assim temos Poia, Poiares e Poiarito.

Também os vinhos, uma constante no agricultor poiarense, se obtiam de doces uvas, que se transformavam em aguardentes e licores, secando-se ainda alguns cachos onde para mais tarde saborear passas e sultanas.

Na mais plena tradição da região, o “Poiarito” apela aos ingredientes característicos do país e da zona Beirã. Açúcar, água, canela, mel, sultanas, pão, gemas e licor, fazem também deste doce um ex – libris do concelho de Vila Nova de Poiares.

Pedro Santos







segunda-feira, fevereiro 12, 2007

oa barros de Poyares


os barros de Poyares!

São pretos!
Não há registos concretos sobre a origem da produção dos barros pretos no concelho de Vila Nova de Poiares. Sabemos que existiam vários “Centros Produtores” em particular o do Olho Marinho. Este na realidade é o mais conhecido, foi este “Centro Produtor” que sobrevivendo até aos nossos dias perpetuou esta actividade.
As argilas (barros), eram e são, extraídas na região de Olho Marinho e Alveite Grande no concelho de Vila Nova de Poiares este era conhecido por “barro solto”. O “barro forte”, com mais “goma”, provinha da localidade da Chapinheira, concelho de Arganil. Estes “barros” depois de recolhidos eram misturados e amassados numa roda accionada com o pé (hoje porém existem maquinas que ajudam a fazer a mistura).
O último artesão desta antiga geração, explicou-nos o processo. O barro é amassado e dividido em pequenos pedaços, a que se dá o nome de “pelas” e só depois é trabalhado na roda. Centra-se, então, o barro, junta-se bastante água, para que esteja sempre húmido e maleável, e trabalha-se esta matéria prima moldando-a com as mãos.
O oleiro vai dando uma forma à peça, alisa-a ainda na roda com a “cana”, pequena peça lisa de metal, ou com uma pedra (um seixo liso). Alguns destes utensílios (seixos) estão na posse das famílias dos artesãos à décadas (como o caso da do Senhor Silvino).
A peça é retirada da roda e utilizado um garrote, instrumento feito com um fio de nylon, que serve para cortar o barro. ... O próximo passo é o rebarbamento da peça, que consiste em retirar os pequenos excedentes de barro que ficam depois da peça ser retirada da roda, utilizando-se para tal uma pequena navalha.
Após esta fase da execução da peça, o trabalho é deixado a secar à sombra de um dia para o outro para que não venha a estalar.
Depois são feitos os desenhos, já que o barro ainda se encontra mole. Nesta fase é usado um pico ou diversos instrumentos chamados “teks”, que possibilitam desenhar várias formas nas peças (o Senhor Silvino por várias vezes mostrou-nos utensílios, muitos dos quais ele mesmo elaborou).
Depois dos desenhos nas peças, estas vão a secar ao sol, para, então serem cozidas no forno. O barro preto deve a sua cor à fase final da sua cozedura, que faz com que o negro do fumo penetre nos poros da louça imprimindo ao barro o tom negro metálico que é inconfundível.
E como se processa? O forno é abafado (selado), tanto em baixo onde se põe a lenha, como em cima onde a louça está a cozer. Deve ficar abafado pelo menos 12 horas.
Antigamente a louça era cozida num cova feita na terra e só a partir de 1952 se iniciou a cozedura em fornos construídos para o efeito (passou-se do processo da Soenga para o Forno Vertical).
O Senhor Silvino, contou que no Concelho de Vila Nova de Poiares, passou-se para os fornos verticais em meados do século passado. Outros locais eram produtores de barros negros como Alveite Grande, Alveite Pequeno (Serpins), Carapinheira (Arganil), Forcado e outras povoações limítrofes do Concelho (nomeadamente Lousã e Arganil).
As peças realizadas são variadas e assumem formas de caçoilos, onde é servida a tão famosa Chanfana, assadeiras, potes, cântaros, púcaros, bilhas e outros objectos como galheteiros, assadores de castanhas, mas geralmente objectos utilitários.


Pedro Santos